Internet escraviza ou liberta?
Eis a grande questão do século XXI e boa pergunta para refletir em 2024. A internet pode ser uma "faca de dois gumes", apesar do encanto das possibilidades dessa maravilha do mundo moderno.
Afoto destaque que ilustra a matéria é um mural feito pelo artista e ativista americano Shepard Fairey, em 2009. Emblemática e plena de significados sobre os conflitos no Oriente Médio. Ilustração mais indicada para o tema sobre ódio online, cuja disseminação tomou proporções gigantescas nos últimos anos. Influenciou campanhas políticas, alterou sistemas de governos, estimulou preconceitos e comportamentos sociais.
Um circo dos horrores que dividiu famílias, decompôs a ética e o respeito entre as pessoas. Indivíduos por de trás de visor de celular ou da tela de um computador ou travestidos em perfis falsos violentaram pensamentos, proferiram e expuseram a pior parte de si, descaradamente, sem pudores de mostrar o lado obscuro e mais abjeto de um ser humano, sem no mínimo limite ou respeito pelo outro.
Por um lado, se a internet trouxe novos comportamentos sociais, por outro nos proporciona benefícios jamais imaginados na história da evolução humana como: informações sobre os principais acontecimentos no mundo em tempo real, oportunidade de visitar os mais belos recantos do mundo, museus, exposições virtuais, conversar numa tela de celular ou computador com nossos entes queridos, realizar reuniões, eventos onlines, também trabalhar em casa em “Home-Office”. Difícil enumerar tantos e todos os benefícios. São infinidades….
“É uma gigantesca rede de informações em que a humanidade interage entre si dentro de um mesmo nível de prioridade. Cidadão idôneo ou não, rostos sem faces, personalidades imaginárias, cientistas, profissionais, visionários e sonhadores.
A www- World Wide Web (A Rede do Tamanho do Mundo) é uma grande coleção de documentos interligados por hipertexto, associados a diversos recursos de multimídia. Tim Berners-Lee, seu criador se inspirou num livro bolorento de conselhos vitorianos que lembrava de que lia quando criança na casa de seus pais. Tinha um título que traduzido significava tecendo a teia. A mesma coisa acontece com a simbologia @, que é teclada quase em uníssono em bilhões de computadores, no mesmo instante, em diversos cantos do planeta. A pequena letra mensura a força de inter-conexão do universo da web.” Trecho retirado da pesquisa sobre internet e artistas plásticos paranaenses, 2006. Conheça o conteúdo completo nesse link www.parana.art.e-meio.br
Ao encerrar essa minha pesquisa sobre internet na especialização de História da Arte,na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, não consegui responder a pergunta inicial que se referia a democratização da arte paranaense proporcionada pela internet. A conclusão ficou em aberto, para ser atualizada sempre. Mas confesso que jamais, naquele momento, poderia imaginar que passaríamos por verdadeiras guerras virtuais em palavras, como também a mentira seria colocada num patamar de destaque. Quando ganhei um avaliação excelente (9) do orientador Artur Freitas – pelo meu trabalho realizado e estava empolgada com o princípio de democratização desta incrível ferramenta de globalização.
Com base em meu trabalho, desenvolvido em 2006, as transformações que a tecnologia provocou no mundo eram inimagináveis há 17 anos. Se considerarmos que nosso planeta levou bilhões de anos para formação do que é hoje, os 17 anos são apenas segundos na história evolutiva. No entanto, a humanidade nesses segundos alterou muita coisa que o Terra levou eras para criar.
“Sem se dar conta, a sociedade moderna se deparou com este magnífico gigante desmaterializado ainda sem leis e critérios estabelecidos pelo homem. Um ambiente livre e neutro nas mãos do poder de consumo do capitalismo, que usufrui comercialmente de seus benefícios, mas, não controla seus caminhos. É o feitiço virando contra o feiticeiro. Não é a tecnologia que é ruim. É o homem que não sabe usá-la. Acostumado sempre a viver sob regras impostas e freios religiosos se perde em meio a tanta liberdade, sobretudo porque no virtual ele não é matéria, é mente, é ação, consciência ou inconseqüência/inconsistência. Neste caos da comunicação o artista se interpõe como decodificador do momento, na leitura do que é belo no mundo.
Um ambiente livre e neutro nas mãos do poder de consumo do capitalismo, que usufrui comercialmente de seus benefícios, mas, não controla seus caminhos.
Exatamente, esse é o perigo da grande teia. Liberdade de expressão não é libertinagem e acaba quando começa a liberdade do outro. Defendemos sim, a regulamentação das redes sociais porque as BigTechs- Facebook, Google, X- Twitter, Tik-Tok, Instagram – manipulam em prol de seus lucros as pessoas, numa espécie absurda de lavagem cerebral. Os governos devem promover cursos de alfabetização midiática, assim como inserir essa formação nos currículos escolares.
As pessoas no futuro estarão mais aptas a identificar o que é falso e separar o que é verdadeiro nas informações veiculadas pela internet. Alfabetização midiática será um ensino tão importante quanto aprender a ler.
A mensagem para os leitores do Pan-Horamarte é trazer para o debate a responsabilidade por aquilo que divulgamos e compartilhamos com nossos amigos. As pessoas devem aprender por conta própria e desenvolver habilidades e analisar notícias falsas, baseadas na desinformação. Isso é urgente!
Que façamos da internet, que é pura energia, um meio de evolução e não de escravização e dependência.