Os italianos não perdem a mania de pincelar com lirismo a vida. "O leite dos sonhos" é o título da 59º edição Bienal de Veneza.
A mostra de arte mais antiga do mundo foi programada para acontecer entre 23 de abril e 27 de novembro de 2022, O artista alagoano Jonathas de Andrade foi escolhido e é um dos primeiros nomes brasileiros para representar-nos no pavilhão brasileiro da Bienal. “No comunicado oficial, o artista se disse surpreso e honrado com o convite: ‘A ideia de representar o Brasil hoje, seja onde for, é antes de tudo um desafio pela responsabilidade diante do quadro de complexidades cruciais que o país enfrenta. Que a arte consiga traduzir o embaraço que é viver nos nossos tempos e que inspire sonhos que permitam desatar esses nós’. fonte O Globo.
Como uma apaixonada por Veneza, sobretudo quando conjuga o verbo poetizar espalhando arte por todos os cantos de seus casarões a vielas memoráveis, celebro a escolha do artista alagoano. Confesso que sua vídeo instalação, O Peixe, me impressionou muito quando assisti na Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto. Gravei trechos e coloquei no meu canal no Youtube e o vídeo foi um dos mais assistidos e controverso.
A exposição Internacional de arte terá como título Il latte dei sogni/ The Milk of Dreams ( O leite dos sonhos). A exposição leva o nome de um livro de Leonora Carrington no qual, como explica Cecilia Alemani, «a artista surrealista descreve um mundo mágico em que a vida é constantemente reinventada pelo prisma da imaginação e no qual se permite mudar, transformar, tornar-se diferente de si mesmo. A exposição propõe uma viagem imaginária pela metamorfose dos corpos e definições do humano”.
O título sugestivo nos remete a nossa ancestralidade, a mãe (terra) que alimenta, a nossa capacidade de sonhar, O leite que alimenta os nossos sonhos está contaminado? Essa é a minha interpretação, mas a curadora, Cecilia Alemani, explica que foi um título escolhido de um processo participativo envolvendo os artistas de todos os gêneros. “Desses diálogos – acrescentou o curador – emergiu persistentemente uma série de questões que não só evocam este preciso momento histórico em que a própria sobrevivência da humanidade está ameaçada, mas que resumem muitas outras questões que têm dominado as ciências, as artes e os mitos de nossa Tempo.