John_Gerrard_–_Solar_Reserve

O artista é uma potência na transformação

O artista é uma potência na transformação. Se você pensa bonito, já não é mais tóxico para o planeta.

A frase é do artista  John Gerrard, o poeta da tecnologia, autor da Solar Reserve, obra contemporânea que exalta o problema das mudanças climáticas. Difícil de esquecer uma frase tão expressiva sobre a força transformadora de uma obra de arte seja ela como estímulo à reflexão ou seja como denúncia. 

John Gerrard é irlandês e ao longo de sua trajetória artística tem produzido obras que nos fazem pensar na dualidade atual da arte, sobretudo no trabalho deste ativista que vive entre Irlanda e Áustria. Suas obras perpassam dois extremos, a avançada tecnologia junto com a poética do equilíbrio da natureza.

John Gerrard – Solar Reserve.jpg|thumb|John Gerrard – Solar Reserve]]

PanHoramarte  mostra o trabalho do artista para destacar o quanto é paradoxal o momento atual e como os artistas se situam nessa leitura que envolve arte, capital, ambiente e posturas de vida.

Ao mesmo tempo que Gerrard constrói uma instalação monumental usando tecnologia de ponta, que gera lixo, também enaltece, destaca, a necessidade das pessoas, os governos, pararem para pensar sobre o que estão fazendo com o planeta. 

John Gerrard é um artista que nasceu e cresceu no campo. Mais tarde estudou nos EUA com dois cursos universitários e mestrado em Arte e Software. Hoje trabalha na Galeria Thomas Dane, em Londres.

Solar Reserve (Tonopah, Nevada) 2014 por John Gerrard é uma simulação de computador de uma usina real conhecida como torre de energia solar térmica, cercada por 10.000 espelhos que refletem a luz do sol sobre ela para aquecer sais fundidos, formando uma bateria térmica que é usada para gerar eletricidade. Ao longo de um ano de 365 dias, o trabalho simula os movimentos reais do sol, da lua e das estrelas no céu, como apareceriam no site de Nevada, com os milhares de espelhos ajustando suas posições em tempo real de acordo com a posição

 

 Seu trabalho é dicotomicamente interessante porque de um lado, é sofisticado, quando usa refinadas técnicas de multimídias, software e tecnologias de vanguarda, enquanto de outro, é poético, exige uma reflexão sobre o retorno da natureza primitiva, original, que se reflete na sua infância pobre, de família numerosa e ligada ao ambiente e aos recursos naturais.

Abraçar árvores, comer pão feito em casa, aquecer um lar com lenha, descansar relaxado depois de um dia de trabalho no campo. Esta é a poesia e arte! 

 Eu tenho uma máquina fotográfica, viajo ao lugar que eu escolhi e faço uma pequena cópia do objeto, olho em torno lentamente e fotografo. Faço cerca de 300 fotos. Depois se cria um modelo à base das fotos e se refaz o objeto em 3D em seis ou três anos. Depende. Em seguida se controla a superfície, o reflexo  de prata. Luzes e sombras. Com outros programas se cria um tecido, como uma pele sobre um esqueleto, que vem em cima. É como área fotografada feita em várias camadas.No fim funde-se tudo. Um trabalho muito sério é longo.”

Gerrard criou obra que intitulou ‘Árvore do Fumo’ – Smoke Tree’. Uma simulação em computador; um tronco de árvore com folhagem representada por fumaça, composto por fotografia e vídeo, que se movia no meio do nada numa terra desolada. Nisso existe uma relação diferente com a natureza que ele explica.

“O conceito da “Árvore do Fumo” sublinha um tema chave de todos os meus trabalhos: a relação entre a presença humana e todas as outras criaturas em um ambiente compreendido como pós-cristão. Nós sempre fomos levados a acreditar que éramos o centro do universo. Em 1890 se descobriu a prisão negra do Petróleo.  E nesta corrida para liberdade total se vive a euforia do movimento em que a natureza é superada pelo petróleo e coisas tóxicas, onde nada é grátis e cada coisa tem um valor. Pagas por aquilo que usa. O grão é feito com o nitrogênio e o nitrogênio é feito do petróleo. Se o coloca na terra, isso aumenta a produção. Nós somos feitos de petróleo. Estamos radicalmente nos transformando nas nossas estruturas moleculares e por causa disso há 80 anos”.

 

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