Esta é a quinta bienal de Veneza que visito, sucessivamente, e mesmo numa rápida passagem foi possível perceber o que representa “May You Live In Interesting Times”. O título evoca a ideia de tempos desafiadores e talvez ameaçadores, mas as obras são um convite para ver e analisar o ser humano na sua complexidade. Não me interessa repetir o que já foi divulgado sobre a mais antiga Bienal de arte, sim, destacar obras que me tocaram pelo seu conceito.
Como sempre a bienal veneziana é um evento apoteótico e revelador dos tempos em que vivemos e as obras da bienal já são gigantes pelo próprio espaço que as instala: a cidade de Veneza é uma obra de arte única no mundo.Se tiver dinheiro e saúde estarei sempre visitando a ‘Serenissima em tempos de bienais.
Por todos às vezes, jamais deixarei de rodopiar na imensa Piazza San Marco à noite, sentar-me num daqueles cafés e tomar um prosseco respirando toda aquela história a cada gole e percorrendo o presente, o passado e o futuro pelas emoções ao som de Vivaldi.
Giardini
O meu primeiro percurso sempre é o Giardini, onde encontram-se construídos os pavilhões e sigo pela sede central e depois aos pavilhões. Desta vez, tudo foi muito rápido. Quando comecei a percorrer os pavilhões pensei comigo mesma, que ali estavam presentes a cultura e aspectos políticos do país que construíra o pavilhão.
Por exemplo, todos os biênios a minha expectativa é muito grande em relação ao Brasil conhecendo os talentos incríveis que existem por todo o país. Porém, o que tenho visto não representou ainda o significado do meu país em diversidade e arte.
Este ano, sem desmerecer o conceito do Swinguerra, principalmente neste momento político, que ao meu entendimento é um grito de guerra das minorias e jovens da periferia do Brasil, não me parece uma instalação de vídeo-arte, mas um documentário. Será um documentário uma instalação de arte?
O pavilhão da Russia sempre é surpreende pela própria história do país. Este ano, o pavilhão trouxe um tema bíblico. Lc. 15:11-32. A parte do evangelho que trata da parábola do ‘filho pródigo’, de Luca, que ensina o perdão, a piedade e a compaixão.
Os Estados Unidos tratam de instalações que emanam a ‘liberdade’. O pavilhão da Finlândia quase perde-se em meio às heras e folheagens que crescem em sua volta, e os temas de suas obras sempre estão relacionadas com a natureza. Enfim, o melhor será descrever em separado e analisar alguns dos pavilhões mais interessantes.
Arsenale
Se me senti um tanto aborrecida ao percorrer alguns pavilhões pensando o quanto de vaidade, política e questões econômicas estavam envolvidas na escolha dos artistas e curadores que representavam cada país, o impacto provocado pelo que vi exposto no Arsenale, deixou-me em ‘estado de graça’. Obras incríveis, magníficas e contundentes.
A estas quero dedicar um tempo e colocar em evidência algumas que realmente valem a pena pensar mais. “A nossa missão é simples também não fácil: oferecer ao longo dos seis meses de duração da mostra, aos artistas um lugar de diálogo mais livre possível e oferecer aos visitantes un intenso encontro com a arte”, afirmou o presidente da Bienal de Veneza, Paolo Baratta.
E nós do PanHoramarte `faremos parte deste diálogo!