É inegável que a pergunta é provocadora e estimula a pensar, muito além do que as próprias obras de Marcelo Conrado, na mostra ‘O que é original?’, em cartaz no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A dúvida sempre foi em definir o que é a arte pura. Por isso, antes de seguir o percurso da mostra vale a pena ler com atenção o texto da curadoria, de Maria José Justino. Uma verdadeira aula sobre questões de arte.
O texto da curadoria que trata de “O que é original na arte” inspira-se inicialmente nas reflexões de Walter Benjamim sobre o artista como criador, sobre a responsabilidade técnica da arte e sobre o conceito aura. “Aura, para ele, só é possível na obra única, aquela que guarda autenticidade, que se funda no ritual. A aura é o DNA da arte”.
Mas Walter Benjamin não alcançou as novas tecnologias e são elas que atingem de cheio a aura.
“Ao despojarem o objeto de seu véu, as técnicas de reprodução alteram a função da arte, abrindo caminho tanto para a tentativa da arte pela arte quanto para o exercício da arte política. (…) Novas simbologias tomam feição, culminando na identificação da arte com o conceito, em que não há mais lugar para arte pela arte – a arte passa a se relacionar com a política, a antropologia, a sociologia, a matemática, a filosofia, a vida. Arte – ‘pura’, se é que existiu, deixa de ter sentido”.
Marcelo Conrado
‘O que é original na arte? ‘ pergunta Marcelo Conrado em uma mostra, cujas obras, na maioria, são apropriações de frases, fotos dentro de um novo conceito. “Apropria-se de imagens soltas na vida, liberadas da posse. Tudo está disponível, ao alcance nas redes sociais ou nos encontros fortuitos (…), escreve a curadora.
Conrado faz a pergunta porque a resposta para ele está em acreditar que mesmo apropriando-se de outra obra, “o artista, ao ressignificá-la, pode ser original. A autoria, desse modo, torna-se fluída”. No final da mostra o visitante é convidado a escrever uma frase qualquer e pendurá-la no varal de ideias. ‘Deixa-as visível que poderá ser utilizada nas próximas obras”.