Jackson Pollock (1912-1956) e Andy Warhol (1928- 1987) estão lado a lado em duas mostras monumentais no Complesso del Vitoriano, em Roma. Para quem entra na Ala Brasini, do Complesso, do lado esquerdo veremos a trajetória de Pollock e os demais artistas da Escola de Nova York. À direita entraremos no mundo de Warhol e sua pop arte, cultuando o mundo ‘business’ a qualquer preço.
Participar dessa experiência num só dia, no também monumental espaço destinado às grandes mostras no Complesso, em Roma, é um privilégio que vale a pena compartilhar com os leitores do PanHoramarte. Como é praxe o espaço organiza mostras magníficas que se utiliza da tecnologia e um roteiro muito didático.
Pollock
No percurso de Jackson Pollock vamos também conhecer outros artistas da Escola de Nova York. Um grupo de pintores americanos que foi vanguarda logo após a segunda guerra mundial e, ao mesmo tempo, fazer uma imersão no trabalho realizado por Pollock em sua curta carreira e vida. Morreu num acidente de carro aos 44 anos.
Viveu uma infância difícil devido a grande depressão pós-guerra nos Estados Unidos. A família era obrigada a mudar constantemente de cidade em busca de trabalho para o pai. O artista desde criança já demonstrava um temperamento rebelde e inquieto e durante sua vida adulta teve problemas sérios com alcoolismo.
No início de sua carreira encontra-se na pintura realista de Thomas Hart Benton e depois se interessa pelo muralismo mexicano e inspira-se nos ciclos de José Clemente Orozco. Na metade da década de 30 enamora-se de Leonor Krasner, que também era pintora. Ela era conhecida como Lee Krasner, para parecer mais masculino devido ao preconceito artístico da época.
O casamento foi realizado anos depois, em 1945. Leonor por um período deixa sua arte de lado e torna-se a principal promotora e empresária do artista, logo que o casal muda-se para Spring, em Long Island. Lá, num grande e amplo estúdio, Pollock descobre ” The Dripping”, um modo de pintar inédito, uma mistura entre uma dança retirada de ritual indiano e uma moderna arte que se utiliza da performance corporal.
A dimensão dos quadros são grandes ao ponto de envolver o corpo na realização. Se hoje podemos apreciar como ele desenvolvia seu trabalho é graças as fotos e breves filmes feito pelo amigo cineasta alemão, Hans Namuth. Na mostra o filme é repaginado e o público pode apreciar o trabalho de Pollock assistindo-o através do vidro.
Enfim, a mostra Pollock e Escola de Nova York, além de apresentar as obras ao público, insere o visitante no contexto da época com um painel delimitando os acontecimentos históricos.
“Quando estou dentro do meu quadro, disse Pollock. “Não sei que coisa estou fazendo”. Para descobrir sobre a obra a contempla, período em que chama de “conhecimento”. De tempos em tempos, na pintura, uma imagem realista aparece por engano, o que Pollock apaga sem pensar muito, porque a pintura deve preservar sua própria vida. Finalmente, depois de refletir e rabiscar, ele decide que a pintura está acabada – uma dedução disso, que poucos outros estão adaptados para fazer. Fonte: curadoria.
Nova York
Os dois artistas ícones da arte contemporânea norte-americana viveram em um período pós-guerra, quando Nova York começou a ser exaltada como a cidade onde tudo era novo. A Escola de Nova York , que teve seu auge na década de 50, foi marcada pelo Expressionismo Abstrato, primeiro estilo pictórico americano a ter reconhecimento internacional. Andy Warhol, por sua vez, está entre os principais nomes da Pop-Art, movimento artístico que se caracteriza pela utilização de cores vivas e a alteração do formato das coisas.
“Quando fala-se em arte autenticamente americana é preciso reconstruir o período de paz, aberto no final dos anos quarenta e radicalizado nos anos cinquenta, um decênio extraordinário marcado pela energia criativa tanto na pintura, como no cinema, na literatura e na sociedade”, pontuam os curadores da mostra de Pollock. David Breslin, Carrie Springer e Luca Beatrice. Pollock, a Escola de Nova York permanece até 24 de fevereiro em Roma.
Andy Warhol
“Não pense em fazer arte, faça-a e basta. Deixa que sejam os outros a decidir se é boa ou má e se agrada ou se enoja. No entanto, enquanto os outros estão ali a decidir você faz ainda mais arte”, Andy Warhol.
Autor também da célebre frase, ” Todo mundo vai ser famoso por 15 minutos”, criticava o mundano, a cultura do dinheiro e da fama em suas obras, entre as mais famosas as Sopas Campell’s e Marilyn Monroe, no entanto, em contraponto era obcecado pelo sucesso.
Warhol torna-se nos 50 e 60 um centro catalisador da cultura nova-iorquina, frequenta os lugares mais cobiçados do momento, como o Studio 54, o Max’s Kansas City onde deixa-se fotografar, entre outros, com Liza Minnelli, Debbie Harry, Paloma Picasso, Truman Capote.
O roteiro da exposição revela essa obsessão de Warhol em mostrar-se rodeado de celebridades e, sobretudo, o grande marqueteiro que era da sociedade de consumo. Em seu estúdio, o primeiro foi no quinto andar na 231 East 47th Street, a Silver Factory (Fábrica de Prata), que além de produzir suas obras e filmes, realizava festas extraordinárias com artistas famosos, boêmios e excêntricos, provavelmente com muita droga. Um artista, cujos 15 minutos de celebridade ainda não cessaram.
Complesso del Vitoriano
O Complexo do Vitoriano, também conhecido como “Altar da Pátria”, é um conjunto arquitetônico construído para celebrar e recordar Vittorio Emanuele II di Savoia, primeiro rei da Itália. A construção deu-se entre 1885 e 1911 e o monumento localiza-se diante da Piazza Venezia.
Representa a unidade e “o amor ao país”, já que em novembro de 1923 o corpo do soldado desconhecido foi enterrado no coração do Vittoriano. Em 1935, após a intervenção do arquiteto Armando Brasini, a área homônima dedicada ao Instituto Central do Risorgimento e seu Museu foi inaugurada em 24 de maio do mesmo ano. Um monumento, altamente simbólico, concebido imediatamente como um lugar não apenas para olhar, mas também para viver, com museus e onde são organizadas exposições em larga escala.
A construção do monumento e todo o Complesso foi questionado pelos italianos por estar sobre um sítio arqueológico da antiga Roma. Uma construção mais moderna em cima de um tesouro histórico como ruínas do império romano. A área é próxima ao Fórum Imperial.