Jackson Pollock e Andy Warhol lado a lado em Roma

Jackson Pollock (1912-1956) e Andy Warhol (1928- 1987) estão lado a lado em duas mostras monumentais no Complesso del Vitoriano, em Roma. Para quem entra na Ala Brasini, do Complesso, do lado esquerdo veremos a trajetória de Pollock e os demais artistas da Escola de Nova York. À direita entraremos no mundo de Warhol e sua pop arte, cultuando o mundo ‘business’ a qualquer preço.

Andy Warhol . Mao – 1972

Participar dessa experiência num só dia, no também monumental espaço destinado às grandes mostras no Complesso, em Roma, é um privilégio que vale a pena compartilhar com os leitores do PanHoramarte. Como é praxe o espaço organiza mostras magníficas que se utiliza da tecnologia e um roteiro muito didático.

Jackson Pollock. Number 27, 1950.

Pollock

No percurso de Jackson Pollock vamos também conhecer outros artistas da Escola de Nova York. Um grupo de pintores americanos que foi vanguarda logo após a segunda guerra mundial e, ao mesmo tempo, fazer uma imersão no trabalho realizado por Pollock em sua curta carreira e vida. Morreu num acidente de carro aos 44 anos.

Grupo de Artistas que pertenciam a Escola de Nova York

Viveu uma infância difícil devido a grande depressão pós-guerra nos Estados Unidos. A família era obrigada a mudar constantemente de cidade em busca de trabalho para o pai. O artista desde criança já demonstrava um temperamento rebelde e inquieto e durante sua vida adulta teve problemas sérios com alcoolismo.

Jackson Pollock

No início de sua carreira encontra-se na pintura realista de Thomas Hart Benton e depois se interessa pelo muralismo mexicano e inspira-se nos ciclos de José Clemente Orozco. Na metade da década de 30 enamora-se de Leonor Krasner, que também era pintora. Ela era conhecida como Lee Krasner, para parecer mais masculino devido ao preconceito artístico da época.

Lee Krasner (esposa de Pollock) . Sem título. 1947

O casamento foi realizado anos depois, em 1945. Leonor por um período deixa sua arte de lado e torna-se a principal promotora e empresária do artista, logo que o casal muda-se para Spring, em Long Island. Lá, num grande e amplo estúdio, Pollock  descobre ” The Dripping”, um modo de pintar inédito, uma mistura entre uma dança retirada de ritual indiano e uma moderna arte que se utiliza da performance corporal.

Simulação ao público, em vídeo, para perceber como Pollock pintava.

A dimensão dos quadros são grandes ao ponto de envolver o corpo na realização. Se hoje podemos apreciar como ele desenvolvia seu trabalho é graças as fotos e breves filmes feito pelo amigo cineasta alemão, Hans Namuth. Na mostra o filme é repaginado e o público pode apreciar o trabalho de Pollock assistindo-o através do vidro.

Enfim, a mostra Pollock e Escola de Nova York, além de apresentar as obras ao público, insere o visitante no contexto da época com um painel delimitando os acontecimentos históricos.

“Quando estou dentro do meu quadro, disse Pollock. “Não sei que coisa estou fazendo”. Para descobrir sobre a obra a contempla, período em que chama de “conhecimento”. De tempos em tempos, na pintura, uma imagem realista aparece por engano, o que Pollock apaga sem pensar muito, porque a pintura deve preservar sua própria vida. Finalmente, depois de refletir e rabiscar, ele decide que a pintura está acabada – uma dedução disso, que poucos outros estão adaptados para fazer. Fonte: curadoria.

Nova York

Os dois artistas ícones da arte contemporânea norte-americana viveram em um período pós-guerra, quando Nova York começou a ser exaltada como a cidade onde tudo era novo. A Escola de Nova York , que teve seu auge na década de 50, foi marcada pelo Expressionismo Abstrato, primeiro estilo pictórico americano a ter reconhecimento internacional. Andy Warhol, por sua vez, está entre os principais nomes da Pop-Art, movimento artístico que se caracteriza pela utilização de cores vivas e a alteração do formato das coisas.

“Quando fala-se em arte autenticamente americana é preciso reconstruir o período de paz, aberto no final dos anos quarenta e radicalizado nos anos cinquenta, um decênio extraordinário marcado pela energia criativa tanto na pintura, como no cinema, na literatura e na sociedade”, pontuam os curadores da mostra de Pollock. David Breslin, Carrie Springer e Luca Beatrice. Pollock, a Escola de Nova York permanece até 24 de fevereiro em Roma.

 

Andy Warhol

“Não pense em fazer arte, faça-a e basta. Deixa que sejam os outros a decidir se é boa ou má e se agrada ou se enoja. No entanto, enquanto os outros estão ali a decidir você faz ainda mais arte”, Andy Warhol.

Autor também da célebre frase,  ” Todo mundo vai ser famoso por 15 minutos”,  criticava o mundano, a cultura do dinheiro e da fama em suas obras, entre as mais famosas as Sopas Campell’s e Marilyn Monroe, no entanto, em contraponto era obcecado pelo sucesso.

Warhol torna-se nos 50 e 60 um centro catalisador da cultura nova-iorquina, frequenta os lugares mais cobiçados do momento, como o Studio 54, o Max’s Kansas City onde deixa-se fotografar, entre outros, com Liza Minnelli, Debbie Harry, Paloma Picasso, Truman Capote.

O roteiro da exposição revela essa obsessão de Warhol em mostrar-se rodeado de celebridades e, sobretudo, o grande marqueteiro que era da sociedade de consumo. Em seu estúdio, o primeiro foi no quinto andar na 231 East 47th Street, a Silver Factory (Fábrica de Prata), que além de produzir suas obras e filmes, realizava festas extraordinárias com artistas famosos, boêmios e excêntricos, provavelmente com muita droga.  Um artista, cujos 15 minutos de celebridade ainda não cessaram.

Complesso del Vitoriano

O Complexo do Vitoriano, também conhecido como “Altar da Pátria”, é um conjunto arquitetônico construído para celebrar e recordar Vittorio Emanuele II di Savoia, primeiro rei da Itália. A construção deu-se entre 1885 e 1911 e o monumento localiza-se diante da Piazza Venezia.

Representa a unidade  e “o amor ao país”, já que em novembro de 1923 o corpo do soldado desconhecido foi enterrado no coração do Vittoriano. Em 1935, após a intervenção do arquiteto Armando Brasini, a área homônima dedicada ao Instituto Central do Risorgimento e seu Museu foi inaugurada em 24 de maio do mesmo ano. Um monumento, altamente simbólico, concebido imediatamente como um lugar não apenas para olhar, mas também para viver, com museus e onde são organizadas exposições em larga escala.

A construção do monumento e todo o Complesso foi questionado pelos italianos por estar sobre um sítio arqueológico da antiga Roma. Uma construção mais moderna em cima de um tesouro histórico como ruínas do império romano. A área é próxima ao Fórum Imperial.

 

 

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