Um segundo livro da biblioteca da Repórter Brasil, um relato dos 10 anos de atuação da Repórter Brasil, é dedicado “a todos que foram submetidos à severa experiência do trabalho escravo contemporâneo: heróis”. O destaque é um reconhecimento da ONG(organização não governamental) e da equipe que atua no programa, aliás, tão extraordinária em seu trabalho quanto o próprio herói homenageado no livro.
O grupo juntou duas frentes importantes, o jornalismo da Repórter Brasil para provocar impactos e mais as ações na área de educação para construir resultados a médio e longo prazo.
Jornalismo e Educação
“Essas duas áreas – jornalismo e educação – são duas metades complementares na ação e nas suas motivações”, identifica Leonardo Sakamoto, que fez parte da ONG. “Pode demorar um pouco, mas é o caminho e é fundamental”, complementa Luiz Machado, coordenador da OIT (Organização Internacional do Trabalho) para o Brasil.
O programa atuou, em 10 anos, em mais de 130 municípios brasileiros, com a participação de aproximadamente 250 mil pessoas por meio de ações educativas.
Conquistas
Não cabe aqui enumerar as conquistas do Escravo nem pensar! , sem dúvida, tão importantes para um Brasil que ainda não perdeu o costume colonial de escravizar o outro, por estarem bem especificadas no livro, que pode ser baixado pela Internet, ou na página da ONG. Na Internet também será possível descobrir quem faz parte da lista suja de empresas autuadas por escravizarem gente humilde e desavisada.
A equipe fez um trabalho de formiguinha para clarear um pouco o panorama negro desta capítulo triste da história brasileira contemporânea.
Vale destacar, sim, os colaboradores por trás deste trabalho de transformação: a Repórter Brasil, com profissionais competentes e engajados num ideal de mudança social.
Vale destacar também pessoas como Oneide Maria Costa Lima, educadora de São Geraldo do Araguaia (Pará), que encontrou no programa um meio de trabalho e ao mesmo tempo um canal de divulgação para superar suas marcas de perseguição na luta pela terra. José Ferreira de Lima, trabalhador de uma fazenda no sul do Pará, que foi escravizado, tentou fugir da condição e pela rebeldia levou um tiro no rosto e perdeu um olho.
Olhar Crítico
Iniciativas como a do programa Escravo nem Pensar e de tantos outros programas sociais desenvolvidos por heróis anônimos fazem a diferença no processo de evolução social. O sentimento de solidariedade é item número um para qualquer ideologia ser levada adiante, o segundo é a caridade nesta escala de valores.
Uma palavra que deve ser considerada na sua acepção correta, de oferecer algo novo, não aquilo que se joga fora e não usa mais, algo que faria ou daria para um amigo, à família, sobretudo dar oportunidade àquele que recebe, de enxergar a si mesmo de uma outra maneira. Caritatem é palavra latina e significa “amor ao próximo”.