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Instalação contemporânea é arte que não deixará vestígios

Instalação é talvez a expressão artística que mais caracteriza  a arte contemporânea, mas o seu destino é inevitável: a impermanência.

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O Rapto das Sabinas, na forma de uma vela colossal para fazê-la queimar lentamente durante a exposição e abandonar à sua aniquilação. Urs Fischer/ Veneza 2011

É o signo da atualidade, pelo qual o observador é bombardeado pelos estímulos sonoros, táteis, eletrônicos e visuais, sem que ele tenha possibilidade de interiorizar a sua procedência.

O que é uma instalação na arte

A instalação é uma manifestação artística organizada dentro de um ambiente a partir de um conceito determinado pelo artista, que pode ou não ser desmontada e transferida para outro local.

O sentido efêmero dessa poética artística, que começou a aparecer nas décadas de 60 e 70 do século passado, com o desenvolvimento da vídeo arte, da performance corporal, da tecnologia, reflete o mundo moderno, que se esvai e que se descarta rápido. Então a pergunta é, como as gerações futuras irão desfrutar de uma arte que desaparece?

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Inhotim

A impressionante instalação de De Lama a Lâmina, em Inhotim, Minas Gerais, é um exemplo da efemeridade. Mathew Barney elaborou sua instalação a partir de domo geodésicos em aço e vidro, trator florestal e escultura em polietileno.

De Lama a Lâmina é o último desdobramento de uma performance criada cinco anos antes (2004) a obra em questão (2009), num carnaval, junto com um parceiro músico, cujo princípio organizador da obra evoca o dualismo entre a criação e a destruição, progresso e conservação, fecundidade e morte.

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O Vermelho Real de Tunga, em Inhotim, é também contundente e tem como finalidade pontuar o quanto a vida é efêmera.

“O tempo é implacável  e o vermelho desbota, evapora como o sangue também, sem o sangue, sem fertilidade, a vida se esvai. A instalação contemporânea é temporal, sobretudo True Rouge, o Vermelho Real, que contextualizado evapora pela luz, a energia da vida….”

Algumas instalações apresentadas nas bienais, tanto de São Paulo como a de Veneza, muitas delas poderão ser vistas em fotos que documentam o trabalho do artista e representam o momento da exposição, o conceito a que propõem para o diálogo com o espectador.  Mas elas só existiram para  fazer a leitura do comportamento da humanidade naquele momento.

Vídeos e outros recursos tecnológico têm um tempo limitado de vida, portanto, são passageiros  e pouco deles permanecerão por mil anos. Não são como o mármore duro e frio e quase eterno.

No entanto, viver uma instalação nestes moldes é provar  de algo além do que se conhece dentro de si, entrando num mundo em que a porta sensorial é estreita, às vezes invisível e articulada em seu efeito.

As instalações artísticas externam o lado mais subjetivo da consciência do sujeito e são colocadas como desafios para espectador vivenciar ou “êxtase” ou “ódio”.

São obras que fazem parte do mundo contemporâneo que hoje está se desintegrando, com a expectativa do fim do caos para se estabelecer a ordem, num novo começo sem vestígios do passado.

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