Para comentar sobre o papel da mulher no passado durante a semana do Dia Internacional da Mulher , o PanHoramarte coloca em pauta a conquista das mulheres no mundo das artes, que historicamente, em períodos anteriores ao século X VIII, no Ocidente, era território exclusivo dos homens.
Mulheres corajosas em suas posturas diante da sociedade hostil às suas produções artísticas, como a artista veneziana, Rosalba Carriera (1673-1757), que contrariando os costumes da época, se retrata despojada da peruca tradicional, expondo seus cabelos grisalhos e estabelecendo uma áurea de luz próximo à cabeça significando a força do intelecto nas mulheres.
Artemisia Gentileschi, artista italiana nascida em Roma, em 1593, foi provavelmente a primeira mulher a enfrentar preconceitos ao levar a um tribunal e condenar o homem que a violentou. Pelo personagem feminino que representou na história, a coragem e o talento que permearam a carreira desta jovem italiana do século XVII, homenageamos todas as mulheres, em seu dia. Seja o exemplo de Artemisia um estímulo para as mulheres prosseguiram na luta contra a violência, desigualdade e discriminação social. Leia sobre a artista aqui
Rosalba
Rosalba viveu em pleno florescer do século das Luzes na Europa, Iluminismo – 1.700.
Essas informações fizeram parte de minha aula de crítica de arte da professora Orietta Rossi Pinelli, na Universidade Sapienza, em Roma.
Em sua tese, transformada em livro, “Le Arti nel Settecento Europeo”(sem tradução para o português), a professora lamenta a falta de dados, para análise, sobre as produções artísticas das mulheres em anos precedentes a 1700.
Tão somente a partir do século XVIII que as mulheres começaram a ter oportunidades maiores com suas obras e criações.
Orieta cita além de Rosalba Carriera, também Giulia Lama, MmeVigée-Lebrun, Angelika Kauffamann, algumas das pintoras que alcançaram “um certo sucesso pessoal quando não a riqueza, obtendo a estima dos intelectuais da época”, escreve.
Segundo a pesquisadora italiana, não era fácil ser aceita na academia,salvo se eram mulheres, filhas ou irmãs de artistas homens.
“Quando conseguiam entrar, tinham que aceitar restrições, como a de ser proibida a frequentar as aulas de nu artístico, indispensáveis para formação artística e para em seguida conseguir encomendas públicas.”
Angelica Kauffmann
Angelica Kauffmann (1741-1807), por exemplo, teve coragem de se opor a esta limitação. ” No decorrer do século, algumas mulheres foram capazes de interpretar ainda mais os seus papéis em primeiro plano, algumas à sombra da coroa, como Mme Pompadour (1721-1764) ou Mme du Barry (1743-1793), outras foram protagonistas absolutas da cena europeia, como a imperatriz Catarina da Rússia (1729-1796) ou Maria Teresa da Áustria (1717-1780), todas vivendo no século das Luzes. Essas mulheres usaram de seu poder em favor da arte e da cultura”.
Luta
Desse modo, ao visitar o passado é possível observar que não foi em vão a luta das primeiras feministas da história da arte no Ocidente, que quebraram tabus de uma sociedade exclusivamente masculina. Mulheres que se rebelaram ao destino imposto: casamento,maternidade ou convento, ou uma vida fútil de cortesã da corte.
Por outro lado, no Brasil, a arte estava dando os primeiros passos com a corte portuguesa instalada no Rio de Janeiro. Nenhum nome feminino se destacou num período em que o país importava artistas da Europa para suas produções artísticas. Nada foi encontrado. Caso conheçam alguma artista brasileira dessa época nos avisem!