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Fadime (II)

Il treno corre nella tua direzione …

Sono dentro del treno…

Mentre arriva e si avvicina da te, Fadime…

me ne vado più lontano

Il treno, io e te

stiamo correndo in direzioni opposti …

Il treno sta correndo in una velocità crudele e rischiosa

e trascina verso a te, il mio cuore

 

Vedere o non vedere, Fadime

questa è la questione!

Toccare le mani, i capelli …

perdermi nelle vie del tuo cuore …

Ma l’indecisione è una cavalla in cui la criniera galleggia nel vento,

un sentimento che corre nel mio sangue …

Vedere o non vedere, Fadime!

Come morire e non morire,

Questa è la questione!

 

Tu sei il mio Nirvana, Fadime …

Mi sento in libertà  nelle montagne che c’è dentro di te

Sento mancanza del tuo viso che mai ho visto,

Anche delle tue mani e capelli  …

Non posso dimenticare il tuo profumo …

Ma come ho detto,

quello che sto cercando non è te,

ed è si …

Sono felice, Fadime …

Nel tuo giardino di tristezza

Con la mia malinconia

in colore ciliegio

 

Il treno da Parigi a Strasburgo, 1995

 

Dal libro “I Re e i Pagliacci”, Erol Anar

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Será arte ou explosivo

 

A recente apreensão do que parecia ser um rudimentar explosivo pela “Transportation Security Administration”, nos EUA, e a justificativa dada pelo portador, de ser uma obra de arte é quase hilário, se não fosse pela preocupação  dos governos aos constantes ataques terroristas em aeroportos.

Não é de hoje que os artistas denunciam, a partir de suas obras, a  violência, a pobreza e outras mazelas da humanidade em poéticas que chocam o espectador. Portanto, nada anula o fato do objeto encontrado no Aeroporto de Nova York , ser uma obra de arte.

O episódio ocorrido na cidade americana coloca em debate o conteúdo social na arte. Nada melhor do que relembrar sob esse prisma, o que foi apresentado na Bienal de Veneza, 2015.

As consequências da guerra, da violência, da pobreza, foram expressas em muitas obras da bienal veneziana. Uma mostra rica em conteúdo social, que fez jus ao estilo do curador, o nigeriano Okwui Enwezor, primeiro africano a conduzir o famoso evento de arte – que completou nesse biênio 120 anos de existência.

“All The Word’s Futures”-  Todos os Futuros do Mundo- foi o tema escolhido por Enwezor.

Por algumas obras expostas é de se perguntar se existirá futuro para o mundo.

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Viscerais

Obras viscerais como mostra o blog Plastico. O argelino Adel Abdessemed fincou facões no chão, já na entrada do Arsenale, como uma espécie de alerta, no lugar das boas vindas.

chamekh-620x431Nidhal Chamekh, o artista tunisiano pergunta com que sonham os mártires numa série de desenhos. De traço firme e preciso, Chamekh  justapõe elementos díspares, como ossos e armas de fogo, em suas composições.

As obras de arte expostas na bienal, de conteúdo social, e o achado na bagagem de um passageiro no Aeroporto John F. Kennedy,  de New York têm um fato em comum na expressão da criatividade artística: a vulnerabilidade do ser humano. Um frasco cheio de substância desconhecida, conectado por dois fios a dois pacotes de plástico verde. Um objeto semelhante a uma bomba rudimentar. A preocupação foi tal que o voo foi cancelado. Material publicado originalmente no Exibart e Time.

O equívoco foi desfeito quando acharam o dono da bagagem, na qual foi encontrado o estranho objeto. O passageiro explicou que era uma obra de arte e se definiu como artista. Bem, pelo menos essa foi versão do interrogado, que recebeu uma publicidade gratuita, por conta de Lisa Farbstein representante do sistema de segurança em aeroportos americanos, que escreveu sobre o fato em seu twitter.

Talvez tenha sido apenas uma brincadeira por parte do passageiro, que se transformou em artista de um instante para o outro. Mas não deixa de ser incrível pela reação que sua obra provocou. Aí se insere o conceito.

Por fim, é preciso reconhecer que o curador nigeriano foi soberbo na escolha do tema ” All The Word’s Futures”, que colocou em discussão, no âmbito da arte, as questões sobre a violência, sobretudo o terrorismo que invade atualmente o cotidiano das pessoas.

 

 

 

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Fadime (II)

O trem está correndo na sua direção…

Eu estou dentro dele…

Enquanto ele chega mais perto de você, Fadime

Eu vou para mais longe …

O trem, você e eu

estamos correndo em direções diferentes…

O trem está correndo numa velocidade cruel e arriscada

e arrasta até você no meu coração…

 

Ver ou não ver,Fadime

eis a questão!

Tocar em suas mãos, cabelos…

perder-me nas ruas do seu coração…

Porém, a indecisão é uma égua cujas crinas flutuam ao vento,

ela corre no meu sangue…

Ver ou não ver, Fadime!

Como morrer e não morrer,

eis a questão!

 

Você é meu nirvana, Fadime…

Eu me sinto em liberdade nas montanhas que existem dentro de você

Estou com saudade do seu rosto que nunca vi,

Das suas mãos e cabelos também…

Não posso esquecer seu cheiro…

Porém, como eu disse:

o que estou buscando não é você,

e é você…

Estou feliz,  Fadime…

No seu jardim de tristeza

Com minha melancolia

cor de cereja…

 

O trem de Paris para Strasbourg, 1995

 

Do livro “Os Reis e Os Palhaços”, Erol Anar

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Carta do Eno

Eno Theodoro Wanke (1929- 2001) era engenheiro da Petrobrás, mas nasceu para escrever.

Luiz Ernesto Wanke (1933-2019) escreve sobre o irmão: Do meu mano, Eno Theodoro Wanke, lembro-me mais da nossa convivência na sua juventude, mas não de uma maneira linear porque na minha infância ele teve longos períodos de ausência, primeiro, quando foi internado num colégio em Castro e, depois, quando foi morar em Curitiba na casa da tia Olga para fazer o curso de engenharia.

Começou sua jornada literária na segunda infância quando se interessou por Flash Gordon que viu no cinema e fascinado pelo personagem futurista, procurava criar histórias desenhando uma revista em quadrinhos artesanal. Naqueles tempos – década de trinta – por falta de um grampeador, costurava suas folhas com barbante. Depois fazia cadernos e cadernos com sua produção intelectual até que conseguiu publicar por conta de papai seu primeiro livro de poesia, ‘Nas Minhas Horas’.

Durante sua vida produtiva publicou mais de dois mil títulos!

Era um apaixonado por livros. Por osmose também fiquei gostando de ler porque sempre que lhe sobrava alguma grana, ele aumentava sua biblioteca que eu ia bisbilhotar. Portanto, vivi minha primeira infância imersa numa montanha de livros.

Por tudo isto, vibrei muito quando meu filho mais velho, Marcos Luiz, me trouxe uma carta resgatada do passado, dos ‘tempos do nunca mais’ como o Eno dizia e que ele, Marcos, zelosamente guardara. Era uma resposta a um cartão postal que eu mandara naquele Natal de 1998 e que trazia o cenário de sua infância, a casa da esquina desta fotografia, junto com o barracão da Serraria Olinda, na Ermelino de Leão, em Ponta Grossa.

Eno faleceu em 2001.

A carta:

Rio, 22 de dezembro de 1998

Oi Luiz Ernesto, oi Marcos Luiz:

Que lindo cartão! Foi o mais bonito e comovente cartão de Natal que já recebi em toda a minha vida, sinceramente!

Quanta recordação!

É que em 1923 até a década de 30 não houve nenhuma modificação no conjunto de edifícios casa-de-meus-pais e serraria e esta é a que melhor mostra o cenário de minha infância. Beleza!

Examino-a com carinho.

Sim o horizonte é o da Vila Velha…

(Eu tinha dito no cartão que se o destinatário espremesse os olhos, poderia ver no fundo o cenário da Vila Velha).

… Mas o conjunto fica bem mais à direita da foto e, portanto, não foi alcançado.

Já tinha eletricidade. A primeira usina de Ponta Grossa era termoelétrica e foi inaugurada em 1906 na Rua Ermelino de Leão mesmo junto à estação, no mesmo local onde hoje é o depósito da Antártica. Era tocada à lenha, que vinha pela Estrada de Ferro.

Vocês podem observar na foto dois postes em frente ao barracão. Os fios de energia são visíveis contrastando sobre as tábuas escuras do barracão de madeira. Em 1923, então, a rua ainda não tinha iluminação elétrica à noite, pois os postes estão nus. Depois, na minha infância, foram colocadas lâmpadas nos dois postes, lembra-se?

(Sim, me lembro. Os refletores eram feitos de ferro esmaltados e simples, verdes por fora e brancos por dentro).

Comparar com a foto da página 26 do ‘Menino da Serraria’, volume 2 das memórias.

Em 1923, nosso avô, Theodoro já havia falecido havia dez  anos, e Adeleidh era a dona e presidenta da firma Viúva Kluppel & Cia. Em 1929 faleceu ela e a firma se transformou em Nicolau Kluppel & Cia.

(Descobri que a figura de pé nas toras é o próprio avô que o Eno se refere. Por isto, dato a foto mais ou menos para 1910).

Rodolf Metzenthin (para quem a avó tinha endereçado o cartão/foto) era casado Hedwig (Tante Hedwig), irmã de Adelaide e morava em Curitiba. Esse cartão era de aniversário ou algo assim. Nos últimos anos de sua vida. Não sabia que em 1923 morava em Ponta Grossa! Sensacional!

Com o abraço e os votos de um feliz futuro para todos do

Eno

PS – o barracão, ou melhor, a serraria foi fundada em 1906. Os vagões estão carregados de torras  – para desdobrar em madeira na serraria – e de lenha – para a máquina a vapor que movimentava todas as máquinas da serraria e é de onde sai aquela chaminé altíssima que vimos ser desmontada, lembra-se?

(Lembro-me da chaminé, mas não desmontada. Aconteceu quando a locomóvel se tornou dispensável pela chegada da eletricidade industrial. Este locomóvel foi deslocado para uma serraria no Moquem, a Santa Adelaide, perto de Imbituva)

Lembro-me que de tempos em tempos era pintada (a chaminé) para a manutenção e nosso pai subia lá em cima para isso, junto com os operários. Mamãe ficava olhando (da casa ao lado) com muito medo, nessas ocasiões.

                Saudade!           

Eno Theodoro Wanke criou o que chamava de clecs, porém um grande trovista. Alguns clecs tinham quase sempre com muito humor e até picantes. 

“No princípio era o verbo. Depois, veio o sujeito e os outros predicados — os objetos, os adjuntos, os complementos, os agentes, essas coisas. E Deus ficou contente. Era a primeira oração”.

“Um tolo inteligente não fala, que é para não revelar sua função”.

Este final foi atualizado em 14 de junho de 2021. Ambos os irmãos escritores são falecidos. 

Mais lins sobre Eno Theodoro Wanke no PanHoramarte

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Pensamentos Moleques