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Refinadas e elegantes mulheres de Gustav Klimt

Mulheres delicadas, corpo delineado, refinadas, folheadas a ouro, floridas e elegantes. Era com esses atributos que o austríaco Gustav Klimt exaltava o feminino em suas telas. Nada mais oportuno e justo destacar esse artista na primeira semana de março em que a mulher é homenageada. 

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“Não me interessa a minha pessoa como objeto de pintura, me interessam mais as outras pessoas e especialmente do sexo feminino”.

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Todo o esplendor da obra de Klimt é possível ver numa apresentação de multimídia, em Roma, Klimt Experience, até 10 de junho. A experiência propõe uma imersão com o auxílio da tecnologia, em música e imagens, nas produções do pintor. O aplicativo realizado com exclusividade para as obras de Klimt, permite literalmente entrar no interior de quatro obras célebres do artista percebendo-as na tridimensionalidade cada detalhe figurativo e cromático.

Zeitgeist

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Apesar de Gustav Klimt retratar na maioria de suas telas, mulheres da burguesia vienense, belas e elegantes em todos os tons e volubilidade, o artista também representou o espírito de seu tempo – zeitgeist- vivendo numa Viena do final do século XIX, o centro cultural do continente europeu. Época de Freud e de grandes transformações em que os palácios imperiais dão lugar ao modernismo. A arte, sem dúvida, abre espaço para esse novo tempo.

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O movimento Secessão de Viena, em que o artista foi o principal porta-voz, protestava contra as normas tradicionais, artísticas e étnicas da época. Klimt nasceu numa Viena imperial e viveu a decadência do império austro-húngaro e a primeira guerra mundial (1914 a 1918).

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Mulheres

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Muitas foram as mulheres retratadas por Klimt que vivia dos retratos que produzia para a burguesia de Viena. Todas representaram um época do seu estilo. Por exemplo, a primeira Judite I é coberta de ouro  e a outra é elegante e refinada, representando o moderno, a estética em cuja “a cor e a reflexão pela vida são predominante.

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A época da utilização do ouro em sua tela começou a partir de uma viagem de Klimt a Ravenna, na Italia, onde viu mosaicos. Com o ouro produziu telas magníficas e entre as mais famosas, Judite, Oloforne e o Retrato de Adelle Block-Bauer.

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Com uma de suas últimas obras, As três idades de uma Mulher, ele vence o Prêmio Internacional de Arte de Roma. A obra é rica em detalhes e alegoria. O mais interessante é o brilho em ouro inserido atrás do corpo envelhecido. O rastro dourado de uma vida feminina que se inicia com a maternidade. Belíssima obra.

A apresentação em multimídia nos dá a dimensão do trabalho de Gustav Klimt e nós faz viver emocionalmente as etapas de sua criatividade. Certamente, conhecer as obras originais é como se estivesse dialogando com o artista. Fica para uma próxima viagem!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mosaico do Museu de Santa Sofia. Imperador Constantino.

Arte como testemunho da fé em Santa Sofia

A arte é o testemunho mais genial das diversas maneiras com  que o homem elabora a sua espiritualidade. Quase todos os locais religiosos expressam por intermédio de uma poética artística o que é divino, a fé e as histórias piedosas. Muitos templos religiosos no mundo são resultados das mãos de um artista, tanto na arquitetura, esculturas, como em pinturas. Quanto mais belo, mais eleva o espírito e ajuda na reflexão e fé. 

O Museu de Santa Sofia, em Istambul, Turquia é um desses templos que carrega em cada centímetro de suas gigantescas paredes trabalhos dos mestres artistas da antiguidade. Obras em mosaicos e símbolos pintados que até hoje causam impacto pela beleza e transmitem a sensação do eterno.

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A arquitetura é magnífica e colossal e também um inestimável patrimônio cultural e artístico. O edifício atravessa os tempos e acima de tudo, apresenta para o mundo as expressões de fé de culturas totalmente diversas, a Oriental com a religião muçulmana e a Ocidental, com o cristianismo.

Santa Sofia

A história deixou suas marcas nas paredes gigantescas desta catedral, que também foi mesquita e imprimiu em cada detalhe artístico um pouco do que foi  Istambul, uma cidade que abrigou dois impérios, o romano e o otomano e começou como Bizâncio, da antiga Grécia. Hoje, de um lado do Bósforo Istambul tem uma vida tradicionalmente europeia e do outro é asiática.

A beleza artística de Santa Sofia se explica pela sua história.  Nasceu como igreja católica, transformou-se em mesquita muçulmana, depois voltou a ser igreja e agora Museu de Santa Sofia.As transformações estão explícitas na nave principal que se apresenta como altar católico, tendo nas colunas laterais ao lado do altar as mensagens tradicionais de Alá.

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O caminhar pelas galerias é viajar no tempo e usufruir da memória impressa pelos artistas. Os mosaicos de Cristo e Nossa Senhora estão entre as obras mais impressionantes da antiga catedral. O olhar de Cristo acompanha, a qualquer posição, aquele que observa a obra.

Olhar Crítico

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O grandioso museu turco, antes templo sagrado, é apenas um dos inúmeros exemplos em que a arte e a fé caminham juntas nos processos de criação. As inúmeras igrejas católicas construídas na Itália apresentam as mais belas obras de arte de artistas como Raffaello, Giotto, entre  outros, que representaram por intermédio de suas obras, as  histórias bíblicas do catolicismo para o povo inculto da Idade Média.

Ironicamente, o movimento de Lutero na Europa foi o que mais contribuiu para o desenvolvimento da arte e fez com que a igreja, na tentativa de fortalecer o poder usasse esculturas e pinturas como ferramenta de aprendizado e sensibilização.

Desta forma visitar estes lugares é participar de uma aula minuciosa de história e do poder dos homens em busca de conquistas, amparados em bandeiras religiosas. É sentir que em meio ao caminho da força, da violência, do obscuro, está inserido também o sagrado, o terno e a beleza. É um paradoxo!

 

 

Ophelia (1851-1852 - John Everett Millais)

Tarefas pendentes para ser feliz

O sentido da vida é que a vida acaba. Faz muito tempo eu escutei essa frase por ai. Nunca melhor dito. Nunca melhor plasmado. Mas a verdade é que mesmo sabendo disso, evitamos esse tema como podemos. Passamos os anos pensando em quando realmente vamos ser felizes e quando vamos sentirmos completos. Mas poucas vezes pensamos no que devemos fazer para que isso aconteça.

Ora, quando pensamos nisso?

Quando fazemos aniversário ou quando vamos a um enterro. Essa semana curiosamente tive três em um: dois enterros e um aniversário de um amigo que começa a se dar conta que a vida passa muito rápido.

Difícil é tocar no assunto na correria do dia a dia. Difícil é fazer com que as pessoas realmente se deem conta que a vida passa… e os que sabem disso também sabem que passa rápido demais.

Me lembro uma vez de estar num bar conversando com um colega que tinha mais ou menos uns quarenta e poucos anos. Ora seu discurso… naquela sexta feira noite, na mesa de um bar, tomando uma cerveja, ele olhava nos meus olhos  e dizia… Dizia que no dia que ele pudesse se aposentar, quando esse dia chegasse ele não ia protelar nenhum dia mais a sua aposentadoria. Que queria parar de trabalhar naquele exato momento e ponto.

Esse fim de semana, em que ele me falou isso… me lembro que me senti meio mal. Por ele, pelos outros, pela vida em si. Quão injusto é a vida… ou não. Mas deixar que teus anos de vida vitais passem pensando que você quer que chegue a sua aposentadoria é muito triste. Esse momento foi tão melancólico para mim que pensava em muitas outras pessoas que estavam na mesma situação. Também pensava nos meus lindos 32 anos e se esse pessimismo não ia bater um dia na minha porta.

Como dizia Clovis de Barros Filho: “Vitória dos tristes, que querem que a vida acabe rápido! E ela vai acabar”.

A vida não é curta quando ela é bem vivida. O grande problema é que não sabemos o que é viver uma vida plena. Nem eu, nem você, nem ninguém. Tem alguns que dizem que tem o algoritmo da felicidade. Eu sinceramente não acredito nele. Eu acredito que a receita é diferente para todos… mas a única verdade, a única certeza que temos, é que a vida vai acabar para todos.

Nessa semana, com aquele meu amigo aniversariante, eu lhe coloquei um desafio. O mesmo que eu coloco para você, leitor das minhas divagações: Faça uma lista das coisas que você quer fazer antes de morrer. Faça uma lista de prioridades, de coisas que você faz hoje em dia e quer continuar fazendo, coisas que você quer fazer no futuro… coisas do dia a dia que você gosta e gostaria de fazer mais.

Pegue essa lista; coloque ponto por ponto como se fosse uma lista de tarefas. E pregue ela na geladeira. Ou no espelho do banheiro. No lugar que você passa todos os dias e sempre tem que olhar. Pegue essa lista e faça dela uma lista de tarefas pendentes.

Vamos chamá-la: TAREFAS PENDENTES PARA SER FELIZ… Porque é isso que queremos, não? Ser felizes… a vida plena é algo que temos que buscar diariamente. Não no futuro, não no passado. Só somos verdadeiramente felizes quando estamos vivendo o presente. Não quando pensamos o que foi, ou o que será, nem muito menos quando pensamos naquilo que podia ter sido.

Viver o presente é um trabalho de aceitação: aceitar quem você é, as escolhas que você tomou, no momento que você tomou, com as informações e conhecimentos que você tinha e pensar em quem você quer ser. A vida não dá margem para arrependimentos. E o futuro se constrói aqui e agora.

Para ser a pessoa que eu quero eu devo…

A lista de coisas a fazer antes de morrer não é uma lista de planos futuros. Senão uma semente de motivação para o presente. Construindo esses planos no hoje, você poderá chegar até ai. E para que isso ocorra, você deve pensar no que fazer para isso.

Quando penso nessa lista, penso numa série de coisas pequenas, não grandes… mas que me fazem feliz. Pintar e lixar moveis, comida com os amigos, café no fim da tarde, ver o nascer e o pôr do sol quantas vezes forem possíveis… estar em casa lendo vendo a chuva cair. Também penso nesses momentos em famílias em que todos rimos muito… ou numa tarde na praia ou na piscina, esse momento em que escrevo esse texto.

Sobre grandes coisas ou acontecimentos, pouco penso… penso muito em viajar e tenho listas de lugares que quero ir. Mas só o fato de tomar um chocolate quente no fim da tarde ou de estar estirada na grama com um bom livro, tomar um vinho, tudo isso já são motivos para que eu creia que o dia valeu a pena.

Se posso maximizar estes dias, por que não? Saber que a vida acaba é o primeiro passo para enfrentar os teus medos, desejos e inseguranças… Enfrentando-lhes você poderá fazer com que tudo isso se transforme em uma “potência de agir”… uma potência forte que lhe impulse a mudar e fazer de tudo para ser quem você realmente quer, antes que seja tarde demais.

Vila Adriano

Pequena Tivoli é gigante em memória histórica

Poucos que visitam Roma sabem que bem pertinho da capital romana está localizada Tivoli. Uma pequena comunidade em tamanho, com um pouco mais de 40 mil habitantes, porém gigante na memória histórica.

Chegar em Tivoli é ter a oportunidade de se transportar aos tempos do Império Romano, ao visitar Villa Adriana, conhecer Vila D’Este e suas fontes, um testemunho da opulência das famílias papais da Idade Média.

A cidade também tem bons restaurantes e lanchonetes que oferecem sempre o que há de melhor da cozinha italiana. L’Angolino di Mirko é um desses locais para você, que aprecia ‘una buona pasta fatta a mano’. 

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Pela distância de 30 quilômetros de Roma é possível sair cedo e voltar para pernoitar na capital italiana. Via metrô direção Rebibbia.

Villa Adriana

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O imperador romano Adriano era de origem espanhola e foi criado por Traiano. Assumiu o império aos 40 anos. Foi um mito em seu tempo. Era alto, elegante e reunia diversas qualidades, de acordo com a descrição das biografias feitas em italiano. “Era hábil, culto, autoritário e ambicioso”.

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Ninfeo Stadio. Lado norte

A Villa Adriana de Tivoli começou a ser construída a partir do século 117 d.C pelo imperador Adriano

reconstrução feita do Ninfeo Stadio
reconstrução feita do Ninfeo Stadio

como sua residência imperial, longe de Roma. É uma das mais importantes e complexa Villa que permaneceu para contar a história da antiguidade romana. É tão grande ou mais que Pompéia.

É um complexo que alcança uma superfície de cerca de 120 hectares e se configura como um imenso parque-jardim, disseminado entre os monumentos e edifícios. A sua enorme extensão, a quantidade dos edifícios, a originalidade das formas arquitetônicas fazem da Villa Adriana um monumento único na história da arquitetura antiga.

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Il Serapeo. Um templo.
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O templo reconstruído. Projetado como seria na antiguidade.

Lá tudo é grandioso e acuradamente calculado. Como residência permanente de Adriano, era destinada a função oficial, às festas, banquetes, espetáculos para os hóspedes mais importantes, mas, acima de tudo, ao retiro e à quietude e tranquilidade do imperador, depois que retornava de suas conquistas. Fonte: Turismo, Villa Adriana Passato e Presente, Chiara Morselli.

Para chegar a Villa Adriana é necessário pegar um Pullman, como dizem os italianos, num ponto específico de Tivoli.

Praça Central de Tivoli
Praça Central de Tivoli

Águas Termais

Tivoli chama mais atenção dos próprios italianos que a frequentam muito mais que turistas pelas suas águas termais. São águas sulfurosas e as famosas ‘acque albule’ muito apreciada pelos imperadores romanos e potentes para o tratamento de infecções e inflamações.

Segundo dados históricos, os primeiros registros sobre águas albule são mencionados em Eneida de Virgílio, cujo Plínio, o Velho, conta que em seu tempo os soldados feridos em batalha eram transportados aos banhos de Tivoli.

Com o declínio do império, caíram em desuso as termas, que descobertas no Renascimento. O primeiro estabelecimento termal moderno para banhos em Tivoli foi construído em 1880.  Hoje existe um centro termal que pode ser considerado entre os melhores implantados pelos europeus.