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Tributo a J.Borges, nosso mestre maior da xilogravura!

Sentimos aperto no coração ao saber que o artista, poeta, cordelista, gravurista J. Borges deixou este mundo físico para viver em outras esferas espirituais.

O consolo para aqueles que admiram as obras de um dos mais importantes xilogravuristas do Brasil, o pernambucano José Francisco Borges, é de ter a certeza que sua alma estará presente para sempre em suas obras e na história da cultura brasileira. Sua poética, tanto na poesia, literatura de cordel como nos temas de suas xilogravuras, soube capturar a identidade do povo brasileiro. 

J.Borges, como é mais conhecido, morreu nesta sexta-feira (26), aos 88 anos,  em Bezerros (PE), sua cidade natal. O mestre da xilogravura nos deixou poucas semanas depois da abertura da exposição O Sol do Sertão, no final de junho, no Museu do Pontal – Rio de Janeiro, a maior e a mais completa retrospectiva de sua trajetória como artista.

Dias antes a amiga e jornalista Vera Andrade, que vive no Rio de Janeiro me avisou sobre a mostra. “É linda”,  disse num recado via WhatsApp e para ter ideia me  enviou algumas fotos. A mostra permanecerá até março de 2025. 

 Os curadores  Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque, compactaram a trajetória de mais de 60 anos de carreira  em torno 150 obras, entre cordéis, xilogravuras, matrizes e vídeos produzidos especialmente para exposição.  

 

Foto por Vera Andrade - Museu do Pontal
Foto por Vera Andrade mostra O sol do sertão - Museu do Pontal

“J. Borges nasceu em 20 de dezembro de 1935, na cidade de Bezerros, em Pernambuco. No mesmo local, funciona o seu Memorial, um misto de ateliê e galeria, visitado diariamente por centenas de estudantes de diferentes regiões do Nordeste. 

Museu do Pontal Foto Vera Andrade

O artista, aos oito anos de idade já estava na lavoura, só frequentou a escola por dez meses, aos 12 anos. Na juventude chegou a trabalhar na construção civil, em usinas de açúcar, olarias e na produção de móveis de madeira, começou na arte vendendo e produzindo literatura de cordel (o primeiro folheto que publicou foi em 1964). 

Museu do Pontal - Foto Vera Andrade

Suas primeiras xilogravuras surgiram para ilustrar os cordéis que produzia e ganharam admiradores de peso, como o escritor Ariano Suassuna.

De lá para cá, a obra de J. Borges conquistou o mundo, integra coleções no Brasil e no exterior, já tendo realizado exposições na França, Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba. Tem vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio UNESCO na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.”Fonte: Museu do Pontal

Museu do Pontal - Foto Vera Andrade

A primeira vez que ouvi o nome de J.Borges foi quando me deparei com a obra “Plantio de Girassóis” no apartamento de minha filha Paula. Em seguida, a outra filha Marcela, que trabalha com ilustração gráfica tratou de dar todo o currículo do mestre da xilogravura para a mãe.

“Entre no Instagram dele”, disse-me Paula, Memorial J. Borges. As cópias das xilogravuras têm um preço acessível e é possível um simples mortal adquirir. 

Não tive dúvidas… 

Num estado de encantamento ao visitar a página adquiri quatro gravuras, tal é a beleza dos temas, a criatividade e o colorido. Mas o apartamento é pequeno para muitas telas e uma delas, São Francisco do Sertão, foi colocada na entrada do condomínio. O santo católico abençoa a quem chega lá…

Foto por Vera Andrade - Museu do Pontal
Print do Memorial J.Borges, postado no Instagram.
Matriz da Sagrada Família, foto Vera Andrade/ Museu do Pontal

Em julho do ano passado, o presidente Lula presenteou ao Papa Francisco uma das versões da Sagrada Família, de J. Borges, por ocasião de sua visita ao Vaticano.

Oxente! J.Borges chegou no Vaticano, entre no link e conheça mais sobre a homenagem ao artista feito por Lula.

 

A Sagrada Família e São Francisco encerram nosso artigo porque manifestam o amor e a caridade. J.Borges expressou essas duas qualidades de forma magistral nessas duas obras e retratou com genialidade  temas que tratam da saga do nordestino como retirante, da alegria de um Forró, da exuberante natureza brasileira, da devoção, com aquele jeito único de poeta e cordelista, que se apaixonou pelo mundo e encantou a vida com cor e criatividade.

Não tive o privilégio de encontrá-lo fisicamente, o que não impede de ter a sensação de encontrar com sua alma quando observo suas obras. J.Borges não está mais entre nós, mas o que deixou como legado é um verdadeiro presente para a história da arte brasileira!

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