Arte e a cultura serão sempre alvos dos regimes autoritários. Por que?
Os artistas jamais se calam e serão vozes permanentes para lembrar –
Ditadura Nunca Mais!
Assim denunciaram e foram censurados, perseguidos, exilados e até torturados na época, grandes ícones da nossa música, compositores como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Velozo, Gilberto Gil, e artistas plásticos como Cido Meirelles, Artur Barrio, no cinema Glauber Rocha, atrizes como Bete Mendes, entre outros….
Atriz, política e militante dos direitos humanos Bete Mendes, que figura entre as maiores estrelas da televisão brasileira, foi torturada e presa injustamente quando cursava Sociologia, na USP. Hoje participa de mais de 20 movimentos em defesa das minorias e direitos humanos.
Os depoimentos feitos por intelectuais, artistas, professores, poetas, escritores que integram o coletivo Estados Gerais da Cultura, não se perdem no tempo. Serão sempre atuais para lembrar ao povo que é preciso resistir e defender a liberdade.
Estarão sempre em alerta para mobilizar membros e simpatizantes e bradar em alto e bom som: “Ditadura Nunca Mais!”
Precisamos resistir àqueles que ainda defendem essa atrocidade histórica que acometeu o nosso país nos “anos de chumbo” e defender as liberdades democráticas ontem, hoje e sempre”.
A foto que abre a matéria é uma instalação de Wolfgang Stiller, Monges (2010), apresentada na Bienal Internacional de Curitiba, em 2013. A arte de Stiller expressa o sofrimento físico e mental gerado pelos desgastes urbanos cotidianos. A instalação representa um grupo de seres refugiados vivendo distantes dos conflitos da sociedade contemporânea.
“Brasil, país gigante
Dilacerado em pedaços de classe, de carnes, de aços inoxidáveis
projetéis, projetos mil
Voláteis, vapores, ares carregadores de palavras mastigadas nas campanhas.
E a dor do outro
e a morte do outro
e os outrosQuanto sangue, quanto abate
Quanto se sabe” ( Delayne Brasil – escritora e poeta – Grupo Poesia Simplesmente e EGC)
O cineasta Silvio Tendler, na série Militares da Democracia, “resgata através de depoimentos e registros de arquivos as memórias repudiadas, sufocadas e despercebidas dos militares perseguidos, cassados, torturados e mortos por defenderem a ordem constitucional e uma sociedade livre e democrática”.
“Eles lutaram pela Constituição, pela legalidade e contra o golpe de 1964, mas a sociedade brasileira pouco ou nada sabe a respeito dos oficiais que, até hoje, buscam reconhecimento na história do país.”
Aos seguidores do Pan-horamarte recomendamos que assistam a série e conheçam os bastidores do “golpe de 64”, no canal dos Estados Gerais da Cultura.
Silvio Tendler é um dos mais renomados documentaristas brasileiros e produziu filmes que são relatos e análises preciosas dos mais importantes momentos da história política de nosso país. Filmes memoráveis como Jango, Os anos JK, Militares da democracia, Privatizações: a distopia do capital e O veneno está na mesa.
Sistema autoritário tortura, mata, oculta e censura pelo poder.
O AI-5 paralisou tudo”, dizia Glauber Rocha, refletindo sobre a situação de quase desespero em que se encontravam os artistas. Com o AI-5, ficou oficializada a censura prévia, repercutindo negativamente sobre a produção artística. As primeiras manifestações de censura ocorreram no 4º Salão de Brasília, quando obras de Cláudio Tozzi e José Aguilar foram censuradas, por serem consideradas políticas. No 3º Salão de Ouro Preto, o júri sequer pôde ver algumas gravuras inscritas, que foram previamente retiradas.
Certamente, aqueles que clamam pela intervenção militar sequer conhecem a nossa história. E mais ainda, pela alienação cognitiva desconhecem que numa ditadura militar jamais poderiam criticar a ação da justiça e as condenações das pessoas envolvidas nos ataques às instituições democráticas no dia 8 de janeiro 2023, assim com não teriam direito a um julgamento seguindo todos os procedimentos legais os que ativamente se envolveram com o ato. Simplesmente seriam brutalmente caladas.
“Ditadura Nunca Mais” deve ser um mantra para todo o brasileiro!