Você já sentiu sensação de plenitude ao apreciar um belo pôr do sol?
Aqueles minutos de silêncio, cujo olhar acompanha os raios dourados desaparecendo no horizonte, que não só preenchem o coração da gente como elevam nosso espírito e nos conectam com algo maior, além da matéria. “Permanecei em silêncio e saberás que sou Deus”.
O meu recanto sagrado para esse ritual é uma pequena praia em Portugal, próxima a Cascais, que se chama Parede. Um trecho de mar extraordinariamente gelado para nós brasileiros, com um paredão de concreto construído para separar a natureza viva, de uma rodovia e do caos urbano. Um território sagrado, indiferente ao burburinho da cidade e que todos os dias, incansavelmente, despede-se do sol na linha do horizonte, principalmente no verão, banhando de luz dourada quem senta na areia para apreciar o espetáculo.
Esse estado de êxtase descrevo dentro do meu limitado conhecimento de lugares no mundo. Isso porque o pôr e o nascer do sol são espetáculos naturais maravilhosos que o universo nos oferece gratuitamente em qualquer lugar do Terra, seja nas cidades, nas florestas, nas regiões mais longínquas, nos campos, nas montanhas ou nos rios.
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Quando me refiro ao meu templo sagrado, que atualmente considero Parede (já me senti assim em Itapoá) lembro da entrevista do biólogo inglês Rupert Sheldrake, há muito anos para O Estado de São Paulo, quando tentou explicar sua teoria – da morfogênese, que aproxima a ciência da espiritualidade, e sugere meios para ‘a alma sair de sua morada e alcançar a superfície’ como forma de viver melhor. Jamais esqueci sua sugestão e sempre que posso arranjo meus territórios sagrados para que eu possa comungar com a harmonia do universo.
Neste momento escolho o pôr do sol em Parede, onde vive minha filha, netas e genro, para invocar minha alma à superfície.
Na solidão me transporto a uma floresta portátil guardada em algum cantinho da minha mente, como se estivesse carregando ela dobrada comigo dentro do bolso e para onde vou a abro à minha volta quando necessário. Em seguida, sento-me aos pés das árvores velhas enormes da minha infância. Desse modo faço as minhas perguntas e recebo as minhas respostas”. Rupert Sheldrack. (Estadão – 2002)
A praia da Parede, na linha do Estoril, em Portugal, é um presente da Mãe Terra. O pequeno trecho de mar, poucos metros, é rico em iodo e com sol maravilhoso brilhando é impossível não se encantar com o local. Além do mais, a praia de Parede dá garantias aos seus ossos. E não pense que é apenas uma praia para velhinhos; é ao mesmo tempo um dos melhores spots da Linha para paddleboarding e snorkeling. É o iodo o elemento abundante na área, que torna a praia da Parede especialmente saudável; o iodo e a particular exposição solar. Pelo menos desde o século XIX que se prescreviam idas medicinais à Parede para quem tinha problemas ósseos.
Para a ciência, esta conexão entre a matéria e o espírito ainda é um mistério e os avanços nas pesquisas são tímidos para dar respaldo ao homem envolvido no caos da vida moderna, que ele mesmo constrói e alimenta dentro de uma visão cartesiana e lógica.
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Independentemente, as religiões se mantém ao longo do tempo e oferecem ao homem o alimento que necessita para o fortalecimento da alma. Porém, na bagagem histórica destas religiões, muitas vezes, as marcas e as atitudes são tão sangrentas, de poder e manipulação, que nos chocam e deixam a desejar no que se refere a verdadeira espiritualidade.
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Por isso, acredito que apreciar um simples pôr do sol significa conectar-se com algo superior a nós. São diversas as maneiras de conseguirmos estar em harmonia com as forças da natureza. Deus estará ali e você estará em Deus!
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“há muitas formas de tocar ou invocar a alma . A meditação, toque de tambor, o canto, o ato de escrever, a pintura, a composição musical, as visões de grande beleza, a oração, a contemplação, os ritos e rituais e até mesmo ideias arrebatadoras e disposições de ânimo são convocações psíquicas que chamam a alma da sua morada até a superfície!”
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