Krenak

É mais que urgente colocar em prática ‘Ideias para adiar o fim do mundo’ de Krenak!

O filósofo indígena, ambientalista e ativista Ailton Krenak nunca perdeu o foco sobre a vida. Mais do que urgente colocar em prática suas "Ideias para adiar o fim do mundo', e salvar o planeta da barbárie humana!

Esse líder indígena foi o primeiro dos povos originários a ser eleito pela Academia Brasileira de Letras e pasmem, neste outubro de 2023, só agora no século XXI. Os povos da floresta, originários  estavam aqui antes, muito antes do colonizador, antes de 1500, mas foi preciso uma pandemia, que quase dizimou totalmente a humanidade,  para que a fala de Krenak fosse mais ouvida sobre a sabedoria ancestral de quem vive diretamente integrado com a nossa mãe, a Terra.  

Já estava em tempo dos imortais da ABL valorizarem as histórias e as letras  dos povos indígenas que no Brasil foram punidos, no passado, de se comunicarem em sua própria língua. Apesar que Krenak, o nome de sua etnia, que significa deitar a cabeça no chão, tocando a terra, já remete à ideia de imortalidade.

A luta de Krenak não é de agora. Em seus 70 anos tem muita história para contar para o mundo. Entre as tantas, a mais comovente delas  foi o  discurso memorável na Assembléia Constituinte, em setembro de 1987, para garantir os direitos aos indígenas na Constituição de 1988. Vale rever o vídeo sobre esse momento histórico (Achei essa maravilha no Youtube como documento).

Ideias para adiar o fim do mundo  é uma adaptação de duas palestras e uma entrevista realizadas em Portugal entre 2017 e 2019 e vendeu já mais de 90 mil cópias e foi traduzido em sete idiomas.  Além desse,  A vida não é útil, o Amanhã não está à venda, Lugar onde a terra descansa, têm assinatura de Krenak, entre outras publicações.

 

 

 

“Nosso tempo é especialista em criar ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar, de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo dança, canta, faz chover. O tipo de humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida. Então pregam o fim do mundo com uma possibilidade fazer a gente desistir dos nossos próprios sonhos. E a minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim.

Krenak conta, numa entrevista no programa do Bial, que o título do livro foi resultado de uma história irreverente quando foi convidado para dar palestra em Portugal. “Eu estava juntando cisco no quintal e minha mulher me chama da cozinha dizendo que eu deveria repassar a eles o título da palestra”,  relata. Assim, como se não acreditasse que aconteceria o evento e meio que irreverente pensou na frase. “Diga para eles que serão ideias para adiar o fim do mundo”, disse ali varrendo o quintal. Quatro meses depois enviaram a passagem e o convite para expor suas ” Ideias para adiar o fim do mundo”.

Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, onde a natureza foi afetada pela ação industrial do homem para extração dos minérios, infelizmente. “No livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, de uma humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também nosso avó”. (parte do resumo da orelha da publicação)

 

A minha admiração pela sabedoria ancestral dos povos indígenas começou  quando realizei, na década de 90, uma exposição com a fotógrafa Fernanda de Castro intitulada a Farmácia da Floresta e visitei, entrevistei, diversos indígenas das etnias Kaigang e Guarani, nas Reservas de Mangueirinha e Ortigueira no Paraná. 

Dali pra frente fiz mais trabalhos com indígenas durante minha permanência na Secretaria do Meio Ambiente do Paraná, do governo Jaime Lerner. Entre eles, a realização vídeos para valorizar a criação dos Centros de Cultura dentro das reservas indígenas do meu estado. 

 Ao grande Ailton Krenak a nossa homenagem! Que suas ideias sejam transportadas pela força do vento para todos os cantos da Terra porque o que ele diz é para comungar em reflexão permanente: ” A água não é um recurso, é uma entidade”.  

Se todos entendessem a profundidade dessa reflexão de Krenak, como um conceito divino não mataríamos nossos rios de uma forma tão leviana e gananciosa.  A água é um ser espiritual, vivo e precioso e dela dependem todos os seres vivos deste planeta! 

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