A mostra ''Crazy' é melhor metáfora que define o poder sem limites da arte. Ideias contemporâneas modificando um espaço renascentista: antigo claustro del Bramante em Roma.
A partir do conceito da loucura, um dia antes das eleições, Pan-horamarte convida o leitor a despojar-se de toda resistência e deixar-se surpreender pelo potencial catártico da arte. Abandonar o sentimento de ódio e buscar novos horizontes para um Brasil mais justo e menos desigual.
“Crazy – la follia nell’arte contemporânea – não poderia estar em outro lugar senão Roma, onde encontra-se o Vaticano sede da Igreja católica e que ao mesmo tempo acolhe um projeto artístico tão ousado num espaço que um dia foi austero. Obras e instalações de 21 artistas internacionais invadem esse local, grudado à Igreja Santa Maria della Pace. Por um janela do claustro é possível enxergar o interior da igreja e apreciar os afrescos de Raffaello, que em 1514 pintou as Sibilas recebendo instruções dos anjos. Sibilas faziam predições para futuro.
Convidamos o leitor a entrar pela escadaria de cores derramada, do artista do Reino Unido, Ian Davenport, obra realizada em 1966 e percorrer os corredores do claustro impregnados de loucura poética. Observem a foto que abre a matéria e as cores e as tintas caindo proporcionalmente. Um jogo incrível do artista, que apesar da força da gravidade e a estrutura da escada, as cores não se misturam e permanecem bem reconhecíveis. É como se ele tivesse um gigantesco pincel imaginário.
Crazy é saciar o fluxo incontrolável do pensamento.
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“No sentido mais amplo da loucura – explica o curador Danilo Eccher – não raro sinônimo de criatividade fantástica, a arte sempre se encontrou à vontade, mas é sobretudo com os primeiros estudos psicanalíticos e neurológicos do início do século passado que o a relação entre transtornos psíquicos e arte tornou-se mais intensa e consciente. Com o passar do tempo, a clara fronteira entre o dado médico e o horizonte poético foi se esvaindo, evaporou, liberando níveis de confronto e contaminação, a criatividade louca começou a ocupar a cena mostrando suas inúmeras máscaras”.
Siga em frente e procure ver o que existe de loucura nos corredores do claustro.
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Se dançava e ainda se esperava. Obra de Alfredo Jaar, Neon.
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Fora do escuro do armário. Sissi – artista de Bologna, 1977
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Carlos Amorales, artista mexicano e obra de 1970. Um emaranhado de borboletas tomam conta dos corredores do claustro. Black Cloud Fashion
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A artista americana Petah Coyne criou um jardim. Mas ao invés de ser no chão é no teto. Criatividade é transformar a fragilidade em uma beleza atemporal.
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Starless – Massimo Bartoloni 1962.
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