Foto internet by site La Biennale

‘Com o coração saindo pela boca’. Bienal de Veneza

Os brasileiros vivem hoje com coração saindo pela boca, pelo custo de vida no Brasil. Mas vamos falar de arte. A partir do dito popular o artista Jonathas Andrade criou uma instalação com uma fantástica poética artística.

Aliás, a inspiração do artista alagoano fixou-se em diversas frases populares muito conhecidas por nós brasileiros. “Entra por um ouvido e sai por outro”, conforme mostra a foto do Pavilhão do Brasil, no Giardino, na Bienal de Veneza. 

Andrade e mais cinco artistas brasileiros estarão presentes de 23 de abril até novembro, na 59º  mostra internacional de arte mais antiga do mundo, que tem sede na Serenissima (Veneza). 

Jonathas de Andrade conheci na Bienal de São Paulo, há cinco anos, por intermédio de um vídeo instalação “O Peixe”. Achei o conceito fantástico, no qual o artista mostra o afeto entre a vítima e o algoz, o peixe e o homem, um alimenta o outro. 

 

Minha empolgação foi tal, que documentei e coloquei no meu canal do Youtube clique aqui Imaginem a polêmica. Uma americana de alguma associação protetora dos animais se pronunciou indignada. Outra considerou um atentado ao pudor homens aparecerem de peito nu e calção mergulhando no rio.

Como artista que vivencia a realidade brasileira, Jonathas fixa sua poética artística nas questões sociais e a transporta para o universo da arte.  A instalação proposta para a bienal veneziana  é composta por uma lista de expressões idiomáticas e provérbios que se baseiam em metáforas sobre o corpo humano e uma série de obras de arte que dão vida à extraordinária carga poética desses ditos, tornando-os tangíveis.  Torná-lo palpável é o grande mote da arte quando nos dá a liberdade de ‘flanar’ nos conceitos e interpretações de cada mente interessado em observar a obra. 

Na instalação da Bienal, duas enormes orelhas colocadas na entrada e saída do Pavilhão fazem alusão à expressão popular Entrar por um ouvido e sair pelo outro, permitindo aos visitantes “entrar por um ouvido e sair pelo outro”, enquanto um balão inflável, que preenche o espaço em várias horas do dia remete a outra expressão: Coração saindo pela boca. 

Para nós brasileiros o sentido é muito profundo considerando o atual momento político brasileiro, o que talvez para os europeus não seja a mesma coisa e, sim, apenas divertido. “No conjunto, as obras constituem uma lista parcial e alusiva, mas fortemente física, das sensações experimentadas por um corpo imaginário brasileiro, traduzidas em expressões diretas e por vezes divertidas, mas capazes de captar e transmitir o momento histórico que vivemos em toda a sua complexidade”,  fonte La Biennale

Nascido em Maceió (1982) e radicado no Recife, Jonathas de Andrade desenvolve seu trabalho em torno de um imaginário sobretudo da região Nordeste, no qual ficção e documentário se misturam, sempre permeados por tensões de gênero, classe e raça. A partir da fotografia, o artista expandiu suas práticas para outras linguagens, como vídeo, instalação, objetos, metodologias de pesquisa e colaboração. O desejo homoerótico e um modo muito particular e provocativo de manejar ambiguidades das relações e da linguagem são atributos com os quais Jonathas de Andrade entrelaça suas experiências pessoais a revisões críticas de narrativas e estruturas coloniais. No decorrer dos cerca de 15 anos de carreira, o fortalecimento do pensamento e das práticas decoloniais agregaram pertinência e também exigências no que concerne a questões de lugares de fala e ética das representações. A mostra panorâmica na Estação Pinacoteca torna-se uma oportunidade de rever obras-chave à luz desse debate, bem como de prospectar os caminhos atuais da trajetória do artista. Fonte: Pinacoteca

                       Os artistas são testemunhos de seu tempo. 

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