Seu pai o fazia estudar, mas ele não conseguia ler os textos que eram para aquela criança, tão cansativos ao seu olhar. Aquelas letras eram sempre incompreensíveis para o menino que apesar de frequentar a escola, se sentia um “burro”.
O tempo passou, o menino se tornou um homem e entendeu que na verdade era a letra do seu pai que ele não entendia. Ele queria atender aquele desejo, entender das letras, entender das palavras, entender dos sentimentos do seu pai, ele queria falar a língua do seu pai.
Um pai que exigia que seu filho fosse um bom aluno na escola e tirasse boas notas.
Mas o menino não entendia. Ele não entendia as letras, as palavras não formavam frases e não faziam sentido nenhum. Era como se ele estivesse buscando nos ensinamentos da escola o que seu pai queria tanto dele naquela cobrança incessante do dever de ser um aluno exemplar.
As letras eram para o menino o que seu pai queria expressar, no entanto, era incompreensível. E como compreender o impossível?
O menino então aprendeu a ler outro texto nesta relação de amor com seu pai. Aprendeu a ler as letras que formavam outros tipos de palavras nesta comunicação de pai e filho. Aliás, ele percebeu que esta comunicação ele já compreendia muito bem há muitos anos. Ele tinha o mesmo problema de saúde que seu pai.
A falta de ar era a forma de entender o que seu pai queria expressar. O sintoma eram as letras que formavam as palavras do impossível de se dizer.
Ele tinha falta de ar, mas esta doença o bloqueava a vida, limitava a compreensão de novas palavras, já que faltava o ar e desta forma não podia expressar, não podia ler as letras e consequentemente nunca as poderia entender aquilo que estava escrito.
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Basta ter coragem pra se curar da falta de ar, muitas vezes são vidas sufocadas