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Maravilhas do ‘em tempo real’ na divulgação da arte

O universo online tem seu lado obscuro, temível com as notícias falsas, mas ao mesmo tempo é a ‘oitava maravilha do mundo’ quando se trata de saber o que acontece  ‘em tempo real’. Especialmente no que se refere a celebridades no mundo da arte. Um exemplo disso foi a publicação da nova obra de Banksy, o mais famoso e misterioso artista de rua.

Em poucos minutos a obra que Banksy grafitou num muro de tijolo da cidade  Birmingham, na Inglaterra, estava sendo comentada por milhares de pessoas em redes sociais e pelos apaixonados pela streetart. Ele grafitou duas renas presas às rédeas do trenó do Papai Noel à direita de um banco  e a partir daí elaborou um vídeo mostrando um morador de rua instalado neste banco e mantendo-o como seu lugar cativo. Em menos de 24h recebeu outra intervenção de um desconhecido encapuzado que para alguns é ‘ato de vandalismo’, que pintou de vermelho cintilante os narizes das renas.

Porém Banksy aceita intervenções de outros artistas, ao contrário daqueles que comercializam arte e estão preocupados com a descaracterização da obra e, sobretudo porque elas valem milhões de dólares. O grafite agora está em vigilância permanente com apoio da Jewellery Quarter BID, comunidade empresarial que mantém a região onde a arte de Banksy foi depredada a poucos metros do Jewellery Quarter Museum. Grades e placas de acrílico foram utilizadas para reforçar a segurança.

Sem-teto no Natal

O artista coloca em suas criações temas sociais, ambientais e políticos em tons de crítica sutis para chocar ou emocionar seu público. Exatamente o que propôs foi impactar com sua nova criação. A imagem controversa do Natal. Um sem-teto em período natalino, sendo atrelado às renas envoltas em estrelas cintilantes.

Imediatamente, minutos depois de sua publicação, uma crítica sutil ao consumo da sociedade que ignora os que vivem à margem deste universo mágico, pelo qual só entra quem tem poder de compra, o site The ArtNewspaper estava divulgando o fato. Fiquei sabendo pelo storie  do site italiano Artribune no Facebook. E assim foi como um efeito dominó na disseminação da notícia.

Mais interessante ainda é a sensação que a internet deixa na pessoa, aquela de ser parte do grupo e ao mesmo tempo não. Sou seguidora de Banksy no Instagram, posso me sentir a mais importante das pessoas porque pertenço ao grupo de Banksy mesmo sabendo que faço parte de uma multidão de fãs e vejam que contrassenso, isso significa nada no sentido de relacionamento direto. Mas a genialidade está na voracidade em que se dissemina as informações e no acrescentar mais conhecimento sobre temas que você gosta.

Para refletir sobre um texto publicado pelo perfil Banksy, um questionamento muito interessante vindo de alguém, cuja obra custa uma fortuna.

“A arte deve nos fazer sentir de forma mais clara e inteligente. Deveria nos dar sensações coerentes que, de outra maneira, não teríamos. mas o preço de uma palavra de arte agora faz parte de sua função. Seu novo trabalho é sentar na parede e ficar mais caro. Em vez de ser a propriedade comum da humanidade da maneira como é um livro, a arte torna-se propriedade particular de alguém que pode pagar. Suponha que todos os livros que valem a pena no mundo custem US $ 1 milhão – imagine que efeito catastrófico sobre a cultura isso teria”. Robert Hughes, crítico.

 

 

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