Impossível não falar da Floresta Amazônica num momento tão crucial. A Floresta arde em chamas e a dor é inevitável. Lembro de Krajcberg, Sebastião Salgado, Zig Koch, Izabel Allende, que fizeram dela uma narrativa artística capaz de levar qualquer observador a embrenhar-se por caminhos imaginários da mata virgem e conhecer sua vida selvagem. Esta é explicação mais plausível por essa dor tão aguda e profunda.
Zo’é e Yanomami
Sebastião Salgado é desses artistas que lembrei ao sentir o perigo iminente sobre aquele vasto território verde, a maior floresta tropical do planeta e a mais rica em biodiversidade. Lembrei das fotos da tribo Zo’é, feita por Salgado, expostas na mostra Gênesis. Essa foi a primeira vez que ouvi falar dessa tribo Tupi, uma das últimas isoladas da Amazônia. Nessa busca sobre a tribo, encontrei o blog do fotógrafo Rogério Assis, com fotos maravilhosas sobre índios, incluindo aos da Zo’è.
As magníficas fotos da natureza do paranaense Zig Koch, que entre tantos lugares fotografados, a Amazonia foi parada obrigatória. Seus flagrantes em animais e na própria floresta nos fazem viajar pelos recantos mais longínquos daquela natureza selvagem.
Lembrei de Claudia Andujar e as 500 fotografias expostas num pavilhão em Inhotim, Minas Gerais, sobre os Yanomami. Claudia é ativista suiça, naturalizada brasileira, hoje com 88 anos e desde a década de 70 dedica-se a causa Yanomami. Na galeria de Inhotim, ela mostra a floresta, os índios e seus rituais, e por último o conflito entre os povos da floresta e o homem branco.
Tanto nas mostras como na visualização das fotos que, sem dúvida, exigem poética e arte, fiz um percurso mental à Amazônia.
Imaginário
Izabel Allende, em As Aventuras da Águia e do Jaguar, em um dos livros da trilogia, trata dos índios e alerta para o tráfico na Amazônia. Erol Anar, escritor que nasceu na Turquia e hoje vive no Brasil, com dois de seus 15 livros traduzidos para o português, que foi colaborador do PanHoramarte durante um período, confessou que sonhava em conhecer o Brasil porque na infância assistia um desenho que o personagem vivia aventuras na Amazônia.
O artista plástico Frans Krajcberg deixou um legado para as gerações futuras. Ele fez da sua arte um grito de revolta ao transformar troncos e galhos calcinados em esculturas. “Quero que minhas obras sejam um reflexo das queimadas. Por isso uso as mesmas cores: vermelho e preto, fogo e morte.”
Numa pesquisa também rápida de artistas plásticos, cujo tema foi Amazônia descobri uma artista botânica inglesa que pintou as flores da floresta da Amazônica, Margareth Mee. Estes nomes passaram pela minha mente num rápido devaneio tentando entender os últimos acontecimentos em relação a Amazônia.
Tesouro
A Amazônia tem um valor inestimável pela floresta em pé e não transformada em cinzas.. É nela que vive o futuro da humanidade e não no seu extrativismo desorientado. A soberania pelo território não nos dá a prerrogativa de decidirmos o que quisermos sobre ela.
Salvem a maior floresta tropical do planeta porque nela vive o segredo da vida. Salvem as plantas que salvam vidas!
Nota da redação:
Choramos pela incompetência e insensibilidade do homem que vive como “se não houvesse amanhã”. Já percorri a selva amazônica inúmeras vezes, incansavelmente,
sob o olhar de muitos fotógrafos, artistas, desenhistas,cineastas e todas às vezes, confesso, que me senti extasiada pela sua exuberância e poder de cura e de restauração, uma sensação que se manifesta somente pelas imagens.Imaginem ao vivo e a cores! O bicho homem, aquele que não entende a importância de um tesouro como este, não é um animal é uma besta que surge das trevas. Temos a soberania do território e o direito de zelar por esse espaço que nos foi dado pela Divina Criação, mas sua propriedade metafísica ( além do espaço físico e geográfico) não nos pertence e sim, a toda a humanidade. Choramos, sim, sobretudo pelos índios que lá vivem e a preservam. Essa poética pertence a humanidade!