Claudia Lara é a primeira da série ‘Artistas’ que o PanHoramarte abre como espaço específico para falar de nomes atuais na arte e sobre a evolução poética de suas obras. Acompanho o trabalho de Claudia há vários anos e o mais extraordinário de sua trajetória é a elaboração do conteúdo criativo. A artista é uma pesquisadora incansável e coloca em grau superlativo o feminino.
Neste momento, muito mais do que em todos outros de suas fases pictóricas, inspira-se na herança ancestral das mulheres de sua família. A beleza de sua obra está exatamente nisso, quando explora habilidades femininas pela costura e o bordado como suporte às técnicas da pintura e do desenho. Além de usar a referência da fotografia como base na maioria de suas fases, a exceção da última que tornou-se “mais orgânica”, como diz a artista. Para o site oficial da artista paranaense clique aqui
Tecido
O tecido, a linha e a lã estão presentes nesta transferência poética que se elabora pelo tecer e o delinear conceitos da vida. No início dos anos 2000, Claudia começou a manusear o tecido usando a técnica da colagem e textura acrílica, em figuras humanas. Com uma poética que visita outros horizontes que transcendem ao olhar da realidade.
“Na verdade, não foi uma fase apenas; retalhos, a costura, a linha, o tecido são recursos utilizados para a elaboração das minhas obras e sempre fizeram parte de mim. É a mulher presente”, diz ela. Na sequência deixou a colagem de lado e passou para costura. “Retalhos que pertencem” trabalha com desenhos e fotos de família.
Sua trajetória artística é vibrante pelas cores e temas que utiliza. As séries ao longo de sua carreira demonstram toda a inquietude que marcam seu processo criativo. Slow Motiam, Bicicletas, Diversão, Cotidiano Desorientado, entre outros, usam a fotografia na base para desenvolver o desenho, a pintura e outros suportes.
O vídeo “Retalhos que Pertencem”, dirigido por Thereza Oliveira, dá uma ideia de como a artista usa a imagem fotográfica, que é manipulada por meio do computador e durante este processo introduz o efeito pictórico.
Ninhos
A vibrante série ‘Ninhos’ dá início ao que ela chama de mais ‘orgânica’ e reafirma a força do feminino. A série traz para a superfície aquele lugar protetor, que acolhe, que é preciso preservar e que se camufla nos emaranhados de nossos pensamentos. “Um ambiente para estar”, como diz ela, sem deixar de destacar que esse ambiente é também o da cor e da pintura.
Mesmo sendo uma série mais orgânica, ela não deixa de ter a referência da foto. “Chegou um momento em que joguei imagens com computador e projetor, imagens que fotografava e colocava em cima da obra e dava uma nova camada, um novo ruído. E não adianta não querer essa referência, o uso da fotografia e das sobreposições fazem parte do meu processo criativo”, confirma.
Hoje Claudia Lara prepara-se para abertura da AVE MÃE, em setembro. Um mostra que vale uma matéria específica sobre ela porque reafirma o uso da costura, da linha, do tecido, e os transfere para arte. A artista eleva as habilidades restritas ao universo feminino e lhes conceitua na forma de refletir sobre o papel da mulher no mundo moderno.