A instalação de ‘Vivan los campos libres’, do espanhol Antonio Ballester Moreno, em Afinidades Afetivas, da Bienal de São Paulo, provocou em mim o ‘non lo so che’ – o não sabido. Os inúmeros cogumelos de barro colocados um do lado do outro, iguais no tema e diferentes na forma, expressaram a diversidade do ser humano.
Não é ‘pira’ não, o fato de associar cogumelos a indivíduos.
Por que?
Eles foram feitos em oficinas, com alunos de cinco escolas da rede municipal de ensino de São Paulo (CEUs de periferia), escolas particulares e funcionários da Bienal. Na infinidade deles, nenhum possui forma idêntica ao outro. Cada um deles possui a marca daquele que o moldou. Olha a poética que existe nisso!
A proposta
‘Vivan los campos libres’ (Vivam os campos livres) é uma instalação composta por pinturas, que representam os diferentes aspectos da natureza, e milhares de cogumelos feitos por pessoas diferentes. A instalação é inspirada no modo como a combinação de certos elementos produz outros. Assim como a terra, o sol, e a chuva produzem cogumelos.
Antonio Barcellar
“Somos todos diferentes. Cada um vê o mundo de uma forma distinta. Cada vez que nos movemos também, move-se o mundo que nos rodeia. O que nos rodeia a cada momento é parte de um universo particular que se move conosco. O ambiente faz o mundo.”
O não sabido
“A função do belo, Freud introduz pela psicanálise. É alguma coisa que repelimos e que atinge a ‘ignorância essencial’ um ‘non so che ’ – o não sabido. Algo diferente, involuntário, que faz atração imprescindível sobre esta resistência.
O trabalho de atração sobre a repulsão é a obra. É por isso, que para entender “o belo” é preciso manter presente a psicanálise – porque é por ela que se explica o fato que o individuo em seu inconsciente é transformado e como acontece essa transformação para se aproximar do belo”. Aulas de Crítica de Arte de Maria Letizia Proietti. Sapienza Università di Roma.