Nagornov, Vladislav - reading

Slow life

As vezes parece que esses títulos que eu coloco são evidentes, mas a realidade é que não são tanto. Eu mesma às vezes me pego lendo os meus textos e pensando, “Tenho que colocar isso em prática”. Pois é, às vezes o evidente não é tão evidente e a gente esquece. Eu esqueci. Faz um tempinho que acabei esquecendo de mim mesma.

Bom, acho que a galera que me conhece sabe que esse ano eu estou mais ocupada que nunca. Comecei a fazer uma pós em vinhos, criei o blog Vinálogos, sigo participando do grupo de escritura criativa, fazendo pilates e trabalhando a tempo completo numa multinacional americana levando vários projetos europeus. Puff…

Acho que você já fica cansado só de escutar. E para terminar, peguei férias para ir trabalhar como voluntária nas vinícolas que desenvolvem técnicas de agricultura ecológica na França.

Não paro de segunda a sábado e domingo me dedico a escrever nesse pouco tempo que tenho. Devo ter ficado louca, porque assumir tanta coisa acho que foi mesmo um exagero. Tanto foi que domingo passado quando  retornei das minhas férias na Borgonha, onde estive trabalhando duas semanas numa Vinícola, aprendendo a podar, a medir os sulfitos no vinho, a adubar a terra, a etiquetar e encapsular as garrafas,  ao voltar a Madrid, eu cai doente. Tive uma gastroenterite vírica que me fez passar uma noite no hospital e três dias em casa descansando. Não pude comer por 24 horas e depois disso tive que fazer dieta somente com pão, banana, filet de frango e arroz.

Hoje é o último dia dessa minha baixa e não pude parar de pensar que estava tão debilitada por falta de tempo. Passei duas semanas de férias e não pude descansar nada. Obviamente descansei a cabeça, mas o trabalho ali foi mais intenso que a outra vez e o fato é que acabei mais exausta do que eu pensava.

O retorno a Madrid e essa intoxicação foi um aviso do meu corpo para dizer que eu também precisava descansar. E tive que da-lo a razão. A gastroenterites foi muito forte e me debilitou bastante, forçando-me passar esses dias na cama.

A dignidade do ócio

Pela primeira vez acho que desde o natal pude ver séries de tv, dormir o suficiente, ler e ter tempo livre para mim. Algo que ano passado eu fazia com certa regularidade, esse ano tem sido quase impossível. O ócio e o descanso são tão necessários como trabalhar, mas as vezes parece que colocamos na nossa frente esse sentido da responsabilidade acima de tudo sem perceber que ele nos está fazendo mal.

Cansei… e a verdade é que tenho que pegar mais leve com tudo. Por além de cuidar da saúde e da alimentação, cuidar da saúde mental também é essencial. Ir ao cinema, ou ficar na cama quanto você quiser também são coisas importantes a fazer e deveríamos colocar na nossa lista de prioridades.

Porque é saudável fazer coisas que nos fazem felizes. E descansar não é sinônimo de preguiça. Tenho certeza que 99% das pessoas que leem esse artigo estão pensando quando foi a ultima vez que eles tiveram um dia para passar o dia todo no sofá.

Passar o dia vendo um filme

Estamos bombardeados de convites, trabalho, e coisas para fazer que passar um dia vendo filme ou lendo na cama parece improdutivo. O paradoxo de tudo isso é que nunca começamos a segunda feira o descansado que queríamos que quando chega a sexta em vez de descansar, de tomar algumas horas mais para dormir, planejamos ir para praia, ver a exposição de não sei quem, ir a festa da “Babi”, ir de excursão a não sei onde…

Por que não tirar um dia para si, com amigos ou sem, mas sem nenhuma atividade ou plano, sem que as horas os forcem ir a algum lugar. Se você comer as 4 da tarde e perder o cinema não fique triste. Não seja escravo da rotina do dia, principalmente no teu dia de descanso.

As escolhas da vida já nos fazem as vezes assumir mais do que podemos. Falhar é completamente normal e humano nesse caminho. Mas se você quer vencer você não pode ter medo de dizer que você precisa descansar.

Por que a vida cansa. E se você não para a vida te para.

Comments are closed.