O longa-metragem brasileiro “Que Horas Ela Volta?”, dirigido por Anna Muylaert, recebeu mais um prêmio no Brasil. É importante ressaltar que a história de Jéssica e Val sensibilizou muito mais os críticos lá de fora, em Festivais como, de Berlim, na Alemanha, de Sundance, nos Estados Unidos, também na Suécia.
O prêmio brasileiro “Faz Diferença”, promovido pelo jornal “O Globo” chegou quase um ano depois de o filme ter conquistado o Festival de Berlim. Será porque Val (mãe) e Jéssica(filha) fazem parte do cotidiano brasileiro?
Certamente para os estrangeiro é surreal existir uma empregada doméstica nos moldes brasileiros, a que faz tudo, até cuida do filho da outra. Uma situação comum no Brasil, a de mulheres contratadas numa casa, na qual o serviço de babá está incluído. Essas Vals brasileiras se submetem a uma jornada de trabalho exaustiva, para dar uma vida melhor aos seus próprios filhos, que são deixados às vezes sozinhos ou aos cuidados de parentes.
Esse é o ponto mais envolvente do filme, que descreve a trajetória de uma imigrante nordestina que foi para São Paulo tentar a vida e depois de anos a filha, já jovem e formada na universidade, resolve viver com a mãe. A trama é interessante, sobretudo quando mostra o distanciamento, cultural e de comportamento, existentes entre mãe e filha.
Regina Casé interpreta Val e Camila Mardila, a filha. Ambas ganharam o prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Sundance.
Anna Muylaert revelou na entrevista de premiação brasileira, que os jornalistas estrangeiros questionaram se Jéssica era uma personagem utópica. Conta ela, que no início do projeto acreditava que sim, mas quando começou a fazer uma peregrinação nas universidades para divulgar o filme, começou a conhecer as Jéssicas de verdade.
“Que Horas Ela Volta” é um filme que analisa um comportamento social e estimula o espectador à reflexão, ao fazer um retrato do Brasil, um país conservador que hesita ainda em perder o ranço colonialista escravagista.
Panhoramarte homenageia todas as “Vals” brasileiras que apostaram em suas Jéssicas, assim como todos os jovens que trabalham durante o dia e estudam à noite, pagando com dificuldade a universidade, pois poucos conseguem o ensino gratuito,enfrentando na sua luta diária um transporte coletivo precário, a falta de dinheiro e o cansaço na hora de estudar. Mesmo assim, a grande maioria deles conquista um espaço digno na sociedade!