Sua maior ambição foi sempre querer simplesmente…. ser!!
O rosto dela contava inúmeras histórias. Cada marca esculpida naquela pele frágil era o retrato de uma experiência feita de muitos sentimentos e reflexões. Esta mulher extraordinária nunca rendeu-se às batalhas que enfrentou. Se não as venceu por inteiro, por conta de circunstâncias que estavam além do seu controle, aprendeu com elas a ser mais forte para manter dignidade e orgulho como seus maiores estandartes.
Possuía convicções inabaláveis. Não tinha a ilusão de que a vida era um caminho sem terrenos acidentados, mas certa estava de que uma flor sempre seria possível ser encontrada ao longo do percurso. Apreciou muitos entardeceres, refrescou-se nos orvalhos das manhãs, correu sem destino por campos de vastidão incalculável, riu com as crianças, aprendeu com os ignorantes a se tornar sábia. Foi quem sempre quis ser… livre para ser ela. Dizia o que pensava, partilhava sua felicidade com outros corações, era coerente em discurso e prática. A cozinha de sua casa estava sempre cheirosa e as portas sempre abertas para quem precisasse de um abrigo numa noite de inverno ou perdido numa desilusão. Entendia a loucura dos loucos. Achava que eles eram os certos. Nunca foi afeita a convenções sociais.
Detestava hipocrisia e fofoca. Incluía-se nas minorias e passava longe das maiorias. A varanda de sua casa sempre tinha uma mesa posta para um café e uma conversa. Amava a vida sem preconceitos. Suas primaveras, verões, outonos e invernos foram livros repletos de humores, sabores, perfumes e cores. A simplicidade escolheu como filosofia de vida. Deixou sua caricatura na eternidade dos pensamentos e sentimentos das pessoas que a conheceram. Memória para se jamais desbotar na inexorável passagem do tempo. Sua maior ambição foi sempre querer simplesmente…. ser!!
(Imagem: Old Woman Portrait por David Jon Kassan. Pintrest myartmagazin