ADelle Bloch- Bauer I (1907)  New York Neue GAlerie.

Inconfundível estilo e valiosa arte de Klimt

As valiosas obras do artista austríaco Gustav Klimt (1862-1918) do final do século XIX e início do XX permanecem no tempo, sem perder o destaque na mídia, até hoje no século XXI.

Inconfundível  em seu estilo, o artista encontrou um ambiente especial para defender seus sonhos e criações. Numa Viena de 1897, em que a modernidade fervilhava como um laboratório de ideias,  com  a Física Quântica de  Ernest Mach, com a filosofia da linguagem de Ludwing Wittgensteine a psicanálise de Sigsmund Freud.

Era um momento único na história da civilização ocidental com tais mentes brilhantes reunidas em um só lugar. Viena, Áustria, antes da catástrofe Hitler – com a primeira guerra se avizinhando.

Secessão

Gustav Klimt representou o início do modernismo na Áustria, liderou a Secessão, com o arquiteto Max Klinger, criado em 1897, no mesmo modelo criado uns anos antes em Monaco (1892) e em Belim(1893). Se tratava de um grupo de artistas e arquitetos unidos pelo desejo de renovar a vida artística oficial com a proposta de superar o academicismo.

Klimt, na época com mais ou menos 35 anos, já era famoso em seu meio social, alcançou a imortalidade, não somente por suas obras pinceladas com elegância e beleza estética tentando promover o novo,  mas pelo que representou num momento na história da arte e da humanidade.

ADelle Bloch- Bauer I (1907) New York Neue GAlerie.
ADelle Bloch- Bauer I (1907) New York Neue GAlerie.
Adelle Bloch Bauer II - 1912
Adelle Bloch Bauer II – 1912
Adele Bloch

Quando o artista concebeu a refinada tela  o Retrato de Adelle Bloch – Bauer I, com  um adendo, ele  fez mais uma Adelle em outro estilo  – 1912; mas é da  primeira que estamos tratando, por ter sido disputada recentemente numa ação milionária, pela herdeira Ana Altmann  contra o governo austríaco.

Adelle, a modelo, era judia e a obra pertencia a sua família que teve todos os bens confiscados pelos nazistas. A Dama Dourada, dirigida pelo cineasta britânico Simon Curtis, faz um relato de todo o processo e  pelo glamour do da história e da obra prometia ser um filme de grande bilheteria, mas não agradou à crítica.

Gustav Klimt concebeu a primeira Adelle, a deslumbrante e dourada em 1907.

Ela representou também o auge das ideias defendida pelo grupo da Secessão. Nos faz lembrar a luminosidade dos mosaicos bizantinos, devido as folhas de ouro, elemento muito utilizado por ele na composição estrutural de suas obras no período mais vital do grupo inovador.

A geometria, as linhas puras, além do resgate da mitologia antiga influenciados por Freud.  

Em Adelle as imagens de olhos dão sentido visionário, egípcio, mitológico.

O quadrado era o símbolo da Secessão porque representava  o princípio da estabilidade, harmonia, coerência e simetria. Uma figura de perfeição concreta e construção racional. A sua repetição regular induz serenidade no ambiente, sugerindo uma ideia de totalidade e integração.

Adelle I, que foi orgulho da Galeria Belvedere, em Viena, Áustria, até 2006, foi comprada da herdeira por Ronald Lauder, cofundador da Neue Galerie, de Nova York.

Judith II - Salomé/ 1909. Museu Cívico de Veneza
Judith II – Salomé/ 1909. Museu Cívico de Veneza

Como se não bastasse a história de Adelle que chegou até aos nossos dias, uma das telas do artista austríaco novamente foi notícia no início de 2016, com a divulgação do fato de a prefeitura de Veneza estar pensando em leiloar o seu Judith II, de Klimt e mais Marc Chagall para restaurar um orçamento no vermelho. As vendas poderão preencher um déficit de 60 milhões de euros.

O mundo da arte italiano tremeu com o anúncio do recém-eleito prefeito de Veneza, Luigi Brgnaro, de leiloar as obras-primas da cidade e a decisão foi protelada por enquanto.

“Desejamos que o prefeito encontre uma maneira indolor para resolver o problema, porque cada vez que uma obra-prima deixa as salas de um museu italiano, você perde uma razão para ir a esse museu”, escreve Roberta Pucci, no artigo publicado no Exibart. A obra em questão se encontra no Museu Cívico de Veneza.

Ao final,  falar do trabalho criativo de Gustav Klimt em apenas duas obras magníficas é pouco. O artista morreu aos 56 anos, e viu a primeira guerra terminar. As alterações na poética artística é visível, nas sequência de suas obras, que perdem em parte o esplendor bizantino e ganham, com as transformações da história da arte, a confluência com a natureza, embora sempre mantendo a simetria geométrica,um pouco de dourado. São inconfundíveis e valiosas!

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