O natalense gosta de cultura. Disso tenho certeza! A prova foi o grande número de pessoas que participou de uma aula de história a céu aberto, numa homenagem ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte -IHGRN e percorreu ruas e praças da Cidade Alta.
Mas quando faço uma análise do número de museus em Natal me deparo com quase nada de espaços culturais que poderiam abrigar pura arte na capital potiguar. Posso contar nos dedos: Pinacoteca de Natal, A Rampa, Câmara Cascudo, dos Minérios e do Forte. Me ajudem se esqueci de algum…
O tradicional Festival Histórico de Natal atraiu um número significativo de pessoas interessadas e dispostas a caminhar pelas ruas descobrindo Natal do passado. Uma aula a céu aberto conduzida por um historiador do IHGRN, dentro de uma espécie de “Trio Elétrico”. Legal a iniciativa , já na sua 12a edição, que mostra que existe público para cultura e arte.
Enfim, o povo compareceu e se for estimulado vai visitar museus com frequência. Falta aqui em Natal mais vontade política para investir na cultura e na arte. Talentos artísticos não faltam e conheço alguns que estão invisíveis por falta de apoio.


Quando destaco a falta de vontade política envolvo o município e o estado. Todos são responsáveis!
Cadê o Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão fechado para reforma há alguns anos. Cadê?
E o Complexo Cultural da Rampa que oferece um espaço de aproveitamento magnífico, à beira do Rio Potengi, com um por do sol de ‘tirar o fôlego’, atualmente tão mal aproveitado. Quase às moscas! Leia aqui Complexo Cultural a Rampa tem um potencial incrível
Natal de 1599 deixou poucas pegadas, quase apagadas, entre as quais o Forte Reis Magos, fortaleza das mais imponentes do Brasil que resiste ao tempo e ao movimento das marés.
Nosso foco é a Cidade Alta, o percurso da caminhada. Começou na Praça André de Albuquerque, na frente da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação e passou por uma série de monumentos arquitetônicos….
Igreja Matriz foi a primeira igreja construída no estado do Rio Grande do Norte – 1599 . Toda igreja tem uma história interessante e a Matriz potiguar não fica para trás. Tem o achado da imagem da Nossa Senhora da Conceição e um recado dizendo que “onde a imagem chegar nenhuma desgraça acontecerá” Confira aqui

Hoje é a Pinacoteca de Natal, mas já foi sede do governo em 1902. A sede do espaço de artes que vale a pena visitar foi inaugurada em 1873 e dentro desse passado histórico representa a maior expressão da arquitetura neoclássica da capital potiguar. Uma arquitetura com simplicidade, proporcões equilibradas, colunas e frontões inspiradas na greco-romana e fachadas imponentes.

Palácio Felipe Camarão, onde funciona a prefeitura da Natal, é uma mistura de estilos projetada pelo arquiteto italiano Miguel Miscussi. Tudo junto misturado, gótico, árabe e Art-Deco, que ganhou até um apelido de ‘bolo de noiva’. Confira aqui

A caminhada acabou em frente ao Teatro Alberto Magalhães – construído no início do século XX e tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1980. É uma gracinha de espaço cultural que todo o natalense deve frequentar e prestigiar seus espetáculos. É uma miniatura dos teatros em grandes estilos do final do século XIX, com cortinas do palco em veludo vermelho e camarotes rococós e uma entrada que nos dá a sensação de visitar o passado, em concerto clássico, em tempo de óperas,com cavalheiros e damas com binóculos e muita pompa.

Valeu a caminhada do Festival Histórico de Natal?
Valeu, sem dúvida, qualquer iniciativa que destaque a cultura é necessária, principalmente depois de quatro anos no limbo, entre 2018 a 2022, sem rumo, no vazio. Acredito na arte e na cultura como meios de transformação social e reforço a necessidade do Brasil retomar com urgência seus valores e sua poética e não ficar à mercê de uma rede de entretenimento com interesses de um capital que manipula opiniões e alimenta o extremismo.
Natal tem o privilégio de ter belas praias, um sol que brilha quase o ano todo e uma história que não pode ser esquecida. Mais museus, mais arte, mais cultura!