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Minha Pátria, Minha Língua

Que vontade eu tenho de falar português,

Que vontade de em gritar alto e bom som

Que a saudade me mata na surdez

De não escutar a minha língua e o seu tom

 

Português da minha pátria

Mais amada, idoladrada

Português da minha alma

Enlouquecida…apaixonada

 

Sofro no exílio da minha língua

Padeço de não sambar o seu léxico

E dia a dia meu conhecimento míngua

 

Até o dia mais funesto

Enterrarei a minha língua…

…e com ela, os meus restos

Caravaggio.il.narciso. (1)

O extraordinário do ordinário

Você já abriu o seu instagram hoje? E o seu facebook? Quando começo a ver nas redes sociais os planos de férias de todo mundo, começo ver que estamos vivendo num mundo de patas pro ar… 20 dias em 26 países… escalar o Everest, comer numa cobertura em Dubai olhando para toda a cidade, etc, etc. Quanto mais excêntrico melhor.

Parece que não basta com ter uma vida ocupada, cheia de compromissos, e com uma agenda social do mais “invejável” aos olhos dos outros. Temos também que transformar nossas férias em um evento tão singular que todo mundo tem vontade de unir-se.

Não basta já ir a praia e ficar deitado na areia curtindo aquele solzão. Você tem que acordar as 6h da manhã, sair para correr, voltar, preparar aquele super café da manhã cheio de quinoa, fruta e os famosos super-alimentos, ir à praia com a casa nas costas, fazer atividades o dia todo e claro, registrar cada mili-segundo no instagram… de esta forma você ganha a fama da popular, da vida-boa, daquela pessoa que você gostaria ser e…. vamos falar bem a verdade… você não é.

Sei que estou ferindo aqui sensibilidades de todos os tipos. Todos nós nos sentimos identificados com essa vida de passarela das redes sociais. Vou tomar café – foto- vou cortar as unhas no salão – foto – vou no cabeleireiro – foto de antes e depois – vou para praia – fotos das pernas, do livro que lê, do solzão – se vou com a famílias – foto dos filhos no seu melhor look, com maiô novo, penteado recém feito, como se em meia hora não fosse ficar um desastre com a areia.

Clic, clic, clic, clic. Assim vivemos dia a dia. Realizando os sonhos das pessoas; que se o restaurante não sei o que, que se o carro 4×4 não lembro o nome… a casa dos sonhos, a faculdade dos sonhos, o trabalho dos sonhos, a família dos sonhos, o lindo que são os meus filhos (e não os dos outros) … Ai me poupe.

Estou angustiada já com tudo isso. Poucas vezes vejo fotos realmente interessante sobre uma flor, uma árvore, ou mesmo um por do sol. Não temos tempo para ver essas coisas… estamos mais ocupados em postar fotos sobre o “último lifting feito na clínica não sei quem por Babeti Ferreira”.

Justo esse pensamento me veio outro dia quando conversava com uns amigos sobre a importância de ser o “Mr. Important” em uma sociedade que só te reconhece por isso. Parece que todos nascemos com o objetivo de ser extraordinários, e parece que a vida ordinária esta relegada a esses pobrezinhos “que não têm perspetiva de vida”. Nada mais injusto e falso.

Uma das principais coisas que aprendi quando vim morar fora é justamente esse apreço que tem o Europeu em desfrutar da vida; de forma lenta e pausada. Lembro-me de uma amiga que me dizia que era “falta de ambição” da sua parte. Ledo engano. Que mais posso desejar se tenho realmente  tudo aquilo que cobre todas as minhas necessidades e me permite viver bem?! Preciso de um carro zero?! Preciso de uma casa gigante?! Preciso viajar todos os anos para o Nepal, ou me atirar de bung jump na Nova Zelanda? Acho que não.

Difícil falar sobre isso porque parece que estamos fazendo tudo errado. Europa hoje em dia cada vez mais se assemelha aos Estados Unidos nesse sentido. Parece que é legal trabalhar 10 horas por dia num escritório, na frente de um monitor e ter um cartãozinho com o seu nome e 3 letrinhas debaixo que dão todo significado a você: CFO, CEO, CIO, CPI, KPO… Puxa que triste.

Você sai estressado, chega em casa, grita com todo mundo e bate no peito porque se sente que está levantando o país. Sai com os amigos e presume das férias, do carrão, e do ocupada que é a sua agenda. Com 45/50 anos um infarto te ataca ou um despido inesperado. E ai chega o golpe de realidade. Agora toca recuperar o tempo perdido. Ô sufoco.

A realidade é que cada dia mais que vejo essas pessoas; e penso se eles realmente não pensam que a vida lenta também pode ser muito proveitosa. Buscar um trabalho que me permita viver bem e que me de tempo para fazer aquilo que quero: ver um por do sol, andar de bicicleta, escrever, ler, namorar, transar. Parece que a gente esquece que os maiores prazeres da vida não custam nada. Na Europa menos ainda, que as bicicletas são grátis, os livros estão nas bibliotecas e têm uma em cada bairro, o sol aparece todos os dias e beijar na boca e transar ainda são atividades livres de impostos. Bem-vindo ao mundo real.

Tanto nos custa pensar assim e dizer a si mesmo que sol brilha ali fora. E que hoje vou passar minha tarde no parque… e que sábado de manhã vou ficar lendo na cama. Tanto nos custa reparar nas pessoas no nosso redor e dizer o bonito e feliz que estão. Ou só sabemos fazer isso pelas redes sociais…

Porque não deixar de lado toda essa angústia e aprender a viver a vida como ela se apresenta… bonita e cheia de caminhos… ladeiras altas e descidas íngremes, mas vendo o bonito de cada momento… levando as coisas com calma, bom humor e aprendendo a olhar diferente.

Porque o extraordinário está em saber viver uma vida ordinária.

Biblioteca Nacional de Viena

O poder transformador da literatura

Às vezes, sentada no meu cantinho da casa, fico pensando sobre as pessoas que afirmam não gostar de ler. Desde pequena tive dificuldade de entender como pode existir pessoas que não gostam, que não apreciam, que não querem dedicar parte do seu tempo a ler.

Não aquelas que não gostam de ler algo em concreto, mas o simples fato de não gostar de ler.

Fui estimulada à leitura desde pequena, escutando sempre do meu pai que a leitura tinha que ser algo prazeiroso, não uma obrigação. Via ele sempre com uma revista na mão, sempre lendo pelos cantos. Deve ser que puxou a minha vó, que andava na minha casa lendo tudo o que via, desde bula de remédios até dicionários.

Transformação

Só agora, com quase 30 anos começo a entender toda a revolução que se produziu dentro de mim, e de como a literatura foi uma das principais armas de transformação do meu caráter.  Muitas pessoas podem pensar que ler é um ato de ócio, de pura diversão. Outras de obrigação, de estudo. Mas antes do prazer e do ócio, a literatura tem outras funções, muito mais sociais e éticas que imaginamos.

Não nego que ler é um dos meus passatempos mais divertidos, junto com a escritura; a leitura não me trouxe só um novo vocabulário, uma forma de me expressar melhor, senão também novas perspectivas e pontos de vista e… acima de tudo, empatia com o próximo.

The school of life

Porque não faz muito tempo estive em Londres, na conhecida “Escola da Vida”. A Escola da Vida é um novo conceito de escola que dão cursos que aportam perspectivas e respondem a perguntas que a escola convencional não aporta e não responde. 

Quem pensa que é uma nova forma de visitar o psicólogo se engana. Os cursos são variados, mas todos enfocados a questões existenciais que nem os pais, nem o colégio, nem a sociedade, muitas vezes, dão conta de responder. Ela nasceu em 2006 em Londres ( e hoje já tem sede em São Paulo) com o objetivo de ajudar a questões que todos sabem que existem mas muitas vezes nos fazemos de surdos para a questão.

Quando estive em Londres, fiz vários cursos na The School of Life, mas o principal, o que eu estou escrevendo nesse artigo em questão é “como a literatura pode te ajudar a melhorar como pessoa”, ou, melhorando a pergunta, “pra que serve a literatura”?!

E, ainda que pareça um tópico simples, não é fácil falar sobre a questão. Ainda mais num país em que a maioria da população não lê, não tem acesso à literatura e nem são estimulados a ela. Falar de literatura no Brasil é mais complicado do que parece.

Ainda que eu tenha sido desde pequena estimulada à leitura, minha família está longe de ser aquela família idílica em que o pai ou a mãe mais se parece com o dono da livraria e conhece todos os títulos clássicos da literatura. A leitura e o prazer pela leitura vieram pra mim de forma gradual. Meus pais liam, mas não eram pessoas saiam com um Tolstoi o um Dostoiévski debaixo do braço; nem liam pra mim quando era pequena ou me aconselhavam leituras. Na verdade, eu aprendi na base da repetição; via-os lerem e queria ler o que eles leiam. Porém, sempre tive muita liberdade pra escolher aquilo que eu queria ler; e, estimulado pelos meus professores de literatura, acabei me interessando pela literatura.

Minha primeira fase foi a de experimentar, aquela que não tinha certeza do que gostava, mas seguia lendo; porque, de uma forma ou de outra, os clássicos me atraiam. Mas foi só na faculdade, já nos últimos anos dela, que entendi minha condição de escriba e de como os livros me chamam, me atraem e me transformam como pessoa.

Foi lendo Nelida Piñón (Coração Andarilho), que pela primeira vez senti vontade de escrever como ela; foi lendo a James Salter (Anos Luz) que comecei a empatizar com várias questões que até então eram alheias a minha pessoa. E hoje, estou dedicando uma segunda leitura a Érico Verissimo (Olhais os lírios do campo), porque, ainda que tenha lido com 16 anos e tenha me impactado, acho que certamente terei outra perspectiva da historia e descobrirei coisas que naquela época não tinha interpretado.

Foi através da literatura que pude entender o mundo em que vivemos; foi através da palavra escrita que entendi comportamentos, épocas, preconceitos. E é através dela que o mundo ainda pode se tornar um lugar melhor para se viver.

Criar consciência, memória histórica, empatia é muito mais fácil através da leitura, porque quem melhor que os livros pra ensinar a ver o mundo com os olhos de outra pessoa. Estimular a leitura no Brasil não é uma forma de ter um povo mais educado, que o faça aprovar nesses inúmeros testes que qualificam o nível de educação do país, sem na verdade dizer nada; senão o torna melhor, mas sábio e mais empático em todos os sentidos.

“A literatura transformou a minha vida, mas principalmente me deu a oportunidade de ver o mundo de cabeça aberta e olhos adiante. Com cada vez menos preconceitos ou juízos de valor. Entender que nem tudo é preto ou branco e de quantos lados a vida é feita é fundamental pra começar a entender o mundo que nos rodeia. E a literatura pode ser uma arma poderosa nesse sentido.”
desfoc

Mai devi domandarmi

Quase sempre tenho a sensação de que todas às vezes que eu leio um livro e gosto muito, queria que o mundo inteiro lesse comigo e experimentasse a mesma sensação que eu experimento.

O pior, é que isso acontece a maioria das vezes lendo no metrô e, de repente, começo a ter ideias em paralelo à leitura, que poderia começar a escrever naquele instante mesmo. A inspiração chegou; só que no momento equivocado.

Bom, felizmente já não estou no metrô. Já estou na frente do computador, e depois de uma hora e meia sem poder colocar no papel aquelas ideias maravilhosas, minha cabeça já perdeu o fio da meada e já nem sei mais o que estava pensando.

Às vezes ser escritor dá muito trabalho. Porque parece que você tem que estar sempre preparado, com papel e caneta na mão, ou com um teclado para poder anotar tudo aquilo que passou pela cabeça naquele instante. Em diversas ocasiões, isso só acontece nos lugares mais inusitados e sem possibilidade de pegar qualquer coisa para anotar. Ô impotência!

Por exemplo, hoje estava no metrô lendo um livro da Natalia Ginzburg (com certeza não é a primeira vez que eu falo dela), e junto ao livro que eu peguei na biblioteca vou com um bloquinho de marca páginas para ir colocando nos parágrafos que mais gostei de ler para depois voltar ali, reler de novo e anotar, antes de devolver o livro à biblioteca.

O que aconteceu foi muito mais desesperador. Estava de pé no metrô, feito sardinha em lata, lendo o livro e cada ensaio dela me dava uma ideia de história, conto, relato ou mesmo ensaio. Pensei em frases lindíssimas, que por não poder pegar nada para anotar, se perderam nessa viagem a caminho do trabalho. Cheguei no trabalho frustrada, com aquela sensação de ter perdido as frases mais lindas da minha vida… aquela que me daria um dia aquele prêmio que eu nunca vou receber.

Mesmo assim, estava na “vibe” de escrever. Outra frustração constante. Acordo todos os dias com vontade de ler e escrever e não posso. Estou limitada pelo tempo do metrô e, quando chego no escritório, pelo trabalho. Mas o mais frustrante não é poder escrever nesse momento, mas o de não poder anotar aqueles pensamentos maravilhosos que me assaltaram nas horas mais inesperadas e inconvenientes possíveis. O que fazer? Eu fico martelando a cabeça para não esquecer de tal momento de iluminação e mais tarde vejo que todo esse esforço foi em vão.

Mai devi domandarmi

Daí a vontade de continuar lendo a Natalia Ginzburg, na esperança de voltar a inspirar-me. Seu livro “Las tareas de casa y otros ensayos” (título original, “Mai devi domandarmi” – não encontrei traduzido ao português, mas a tradução literal é ‘nunca deves perguntar-me’) são nada menos que os pensamentos de uma escritora que parece que sempre tinha papel e caneta na mão para anotar tudo o que passava pela sua cabeça. Seus ensaios são fabulosos porque emitem a opinião e o pensamento de uma pessoa que se dedicou a pensar muito sobre a vida, sobre as nossas relações, sobre a velhice, sobre os livros que lia e não tinha mais que fazer que escrever sobre tudo isso.

“Hoy el público acepta contemplar durante horas, inmóvil, un objeto inmóvil. Acepta no entender, no recibir explicaciones, tener delante cosas indescifrables y no descifrarlas. Por no sé qué malentendido ha nacido la idea de que el aburrimiento resulta de algún modo necesario, obligado e indisolublemente ligado a las más altas actividades del espíritu. El público se ha vuelto extrañamente dócil, sumiso y paciente”. – Dillinger ha muerto – Natalia Ginzburg

Nesses ensaios ela fala sobre o seu trabalho… e às vezes chego a pensar que ela mente. Como uma pessoa que escrevia e lia tanto seria capaz de trabalhar com tradução, algo tão absorvente e depois passar horas dentro de casa escrevendo para si mesma?!

La casualidad nos parece algo bastante vil y despreciable. Creemos tan solo en nuestras elecciones, y nuestras elecciones son arrogantes, inquietas, caprichosas y agitadas. Estamos, no obstante, con los prismáticos a punto, esperando que aparezca alguna”. – El Pueblo de Dickinson – Natalia Ginzburg

Às vezes penso que devo ser uma escritora medíocre. Não porque penso na beleza do que eu escrevo. Na verdade eu nunca penso sobre isso. Escrevo para mim e tenho a sorte que têm pessoas que vem algo de útil naquilo que eu escrevo.

O fato de me achar uma escritora medíocre é pela pouca disciplina na tarefa de escrever. Sou mais constante com muitas outras tarefas, a de escrever não. Adoro escrever, mas muitas vezes quando chego em casa depois de um dia longo de trabalho não consigo olhar para lado nenhum. Só penso em fechar os olhos, dormir muito e me sentir descansada para o dia seguinte. Às vezes penso que deveria escrever todos os dias, mas não sou capaz de colocar nenhum pensamento em ordem.

Daí vou ler; e leio a Natalia e a admiro, venero, desde a minha mediocridade. Admiro sua forma de ver a vida, de transmitir através de palavras toda a singeleza dela. Admiro a sua perseverança e escrever dia trás dia sobre tudo, do banal até o mais inusitado. Admiro sua forma de contar em cada ensaio as coisas mais ordinárias do dia-a-dia e colocar poesia na sua prosa. Parece fácil, mas é difícil.

Não existe uma atividade mais quebra-cabeça para mim que escrever. Buscar as palavras certas no momento certo. Buscar metáforas que exemplificam as questões mais vãs do universo. Mais difícil ainda é fazer com que todas estas palavras juntas tenham coesão, coerência e que ademais, envolvam aquele que lê e o inspire a ler mais e mais.

Sempre fui melhor na matemática que em línguas. Sempre me resultou mais fácil atribuir um resultado a X que identificar uma oração subordinada substantiva completiva… ou sei lá o quê. Mesmo assim acabei optando pelas letras. Porque me parecia um quebra-cabeça delicioso buscar palavras, substantivos e adjetivos tão perfeitos capaz de construir em uma só frase, um sentido tão complexo e perfeito, que fosse mais profundo que o resultado de qualquer X.

Assim são os textos da Natalia; completos, perfeitos, universais. Porque não há nada mais universal que a quotidianidade da vida. Não há nada mais certo que as dúvidas que rondam o pensamento do ser humano são as mesmas desde faz décadas, séculos, milênios.

“Las tareas de casa y otros ensayos” é um daqueles livros que todos deveríamos ter na cabeceira da cama, e ler um ensaio por dia antes de dormir. Um só. Porque cada um deles tem uma dimensão que se ofuscaria na leitura do outro. Um ensaio por dia antes de dormir seria o suficiente para deixar o inconsciente atuar sobre a sabedoria das suas palavras e interiorizar o profundo de cada questão. Este livro sem dúvida merece uma segunda leitura.

Por quê? A resposta é da própria Natalia:

“Porque las novelas están entre esas cosas del mundo que son a la vez inútiles y necesarias. Totalmente inútiles porque carecen de una razón de ser visible y de cualquier clase de finalidad, y no obstante necesarias en la vida como el pan y el agua, y entre esas cosas del mundo que a menudo se ven amenazadas de muerte y que, sin embargo, son inmortales”.

Um fato curioso

Este livro foi emprestado da biblioteca Eugenio Trías de Madrid. Sou sócia faz pouco tempo porque decidi que ia passar mais tempo na biblioteca esse ano. O curioso foi que quando abri esse livro, já em casa, vi que estava cheio de “post it” com anotações de algum leitor anterior a mim.

As notas eram excertos dos livros, com os parágrafos mais interessantes, do ponto de vista do leitor, e com as páginas que estavam.

Achei sensacional!

É como se escritor não só estivesse se comunicando comigo mas também o leitor, que de alguma forma deixou ali todas aquelas notas que diziam o que mais chamava a atenção sobre a escritora, e sem querer o que mais chamava a atenção sobre ele mesmo.

É como se o universo conspirasse para criar uma conexão entre todos nós, criando um vínculo entre duas pessoas desconhecidas, que acabaram sendo unidas pelo amor a esse livro.

Viva as bibliotecas e aos leitores por existirem y resistirem nesse universo tão complexo e cheio de coisas inúteis!

As notas do leitor:

“Porque las novelas están entre esas cosas del mundo que son a la vez inútiles y necesarias. Totalmente inútiles porque carecen de una razón de ser visible y de cualquier clase de finalidad, y no obstante necesarias en la vida como el pan y el agua, y entre esas cosas del mundo que a menudo se ven amenazadas de muerte y que, sin embargo, son inmortales”.

“Porque los fantasmas dela angustia no tienen nombre ni lugar, y porque las interrogaciones acerca de la angustia están destinadas a quedar sin respuesta y porque los lugares de la angustia se sitúan quien sabe dónde, en un país de nuestra alma abrasado no se sabe si por el verano o por el invierno”.

“Con los niños de hoy la tristeza no tiene éxito. Los atrae la crueldad, pero huyen de la tristeza”.

“Pero habría querido durante un instante existir en el campo de su mirada”.

“Lo falso no es más que una imitación, falsa y muerta, de lo vivo y de la verdad. Hoy en día, la honestidad, el honor, el sacrificio nos parece muy lejano de nosotros, tan extraños a nuestros mundos que no conseguimos convertirlos en palabra, y estamos completamente mudos, porque, en los tiempos que corren, nos horroriza la mentira. Por eso esperamos, en absoluto silencio, encontrar palabras, nuevas y verdaderas para las cosas q amamos”.

“Fiel a su ilimitada desesperación sin palabras, porque la palabra humana resulta insuficiente y miserable. Fiel para siempre a su ilimitada libertad de no pronunciar jamás una palabra”.

“Rechazar el presente, arriscarse en la nostalgia de un pasado ya muerto significa negarse a pensar”.

“El peligro más triste que corremos con las personas no es tanto que no vean o no amen nuestras cualidades sino que, por el contrario, supongan que nuestras cualidades reales han hecho proliferar en nosotros numerosas cualidades que no existen en absoluto”.