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Impressionante mapeamento que mostra “Estrangeiros em toda parte”

Uma das instalações mais marcantes da 60. Bienal de Veneza é "The mapping journey project di Khalili ( O projeto de mapeamento da jornada de Khalili).

A instalação da artista franco-marroquina, Bouchra Khalili levou três anos para ser elaborada e trata exatamento do tema da Bienal – Estrangeiros em toda parte. Em oito imensas telas, a artista apresenta a jornada feita por refugiados e cidadãos apátricas da África Setentrional e Meridional, do Oriente Médio e da Ásia Meridional 

Essas telas dispostas em um dos grande salões do Arsenale ( antigo estaleiro de Veneza), prendem a atenção do visitante que acompanha a rota  feita por pessoas em direção a diferentes lugares da terra, a maioria fugindo de guerras, de uma vida miserável e muitas vezes em busca de um sonho.

 Isso me faz lembrar da eterna migração do povo indígena Guarani que caminha sempre rumo ao Leste – “Em busca da terra sem males”.

As jornadas para são as mais imprevisíveis. As pessoas não são identificadas na fala, apenas relatam por onde passaram, quanto tempo permaneceram no local ou se deu certo. Em uma das telas, cujos depoimentos e as rotas traçadas são contínuas e repetidas, uma certa pessoa conta que saiu de uma pequena cidade na Ásia e foi para Itália, ficou um tempo clandestinamente e precisou sair porque não tinha documentos. Um amigo na Espanha disse que em tal cidade conseguiria os documentos e ele traça a ida até o local. Lá ficou um tempo e sentiu saudades de sua mãe, sem dinheiro e sem emprego decidiu retornar a cidade natal.

 

Resumindo, o projeto consiste em mostrar, pelo mapa, o trajeto emocionante de pessoas que aventuraram-se a viver em outro país, quase sempre ilegalmente.

Sem entrevistas e elenco dirigido, a obra é baseada apenas na escuta das viagens idealizadas e interpretadas pela narração dos que colaboraram com a artista. 

Cada um dos oito vídeos é composto a partir de um plano fixo, sem cortes, concentrando-se sobre um mapa e uma mão com uma caneta traça ou desenha, em tempo real, as tortuosas e perigosas viagens feitas através dos anos. 

 

Um pequeno trecho retirado de um dos vídeos, para que o leitor tenha  a ideia do significado da obra. Bouchra Khalili dedica-se há anos no projeto e na Bienal de Veneza  apresenta também a Série Constelação, que é o capítulo conclusivo do mapeamento.

A Constelação Série II reformula e ilumina as videoinstalações poeticamente ao referir-se a astronomia antiga, com raiz na mitologia.  

São oito serigrafias que traduzem as viagens narradas e lhe dá forma de constelações. 

Khalili convida o espectador a projetar-se ativamente nas constelações e imaginar outros modelos de associação da rota que foi uma jornada tortuosa e perigosa.

A 60.Bienal das Artes de Veneza termina no dia 24 de novembro, isto é no próximo domingo. Porém, independente do encerramento da exposição presencial na Serenisssima, ainda vamos explorar e falar muito das obras, dos artistas e dos conceitos propostos nesta edição da Bienal- Estrangeiros em toda parte – um tema atualissimo.

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