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Leão de Ouro para Brasil por uma causa! Nula para o congresso brasileiro

Bienal Internacional de Arquitetura em Veneza concede o cobiçado Leão de Ouro ao Brasil porque jovens arquitetos e pesquisadores pensam no futuro da Terra.

Um futuro que não existe para grande parte dos congressistas brasileiros defensores do agronegócio e da mineração. O Brasil sem demarcação de terras indígenas, sem florestas, e muito lucro momentâneo!

Infelizmente, a poética dos jovens choca-se com a ganância dos parlamentares. 

O projeto do grupo brasileiro sob a curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares, exposto no Pavilhão do Brasil, em Veneza (a 18ª edição de Arquitetura) foi colocar em primeira plano a Terra, seja como elemento poético ou seja como elemento concreto no espaço expositivo, para moldar a compreensão de identidade e patrimônio.

Muitos italianos perguntariam assim sobre o título conectando parlamentares e o prêmio: “ma che c’ entra?”.  O que tem a ver isso com eles..

É o fato de que, enquanto jovens artistas e arquitetos propõem, numa mostra internacional sobre arquitetura, repensar o passado para traçar um possível futuro, o poder legislativo, ou melhor a bancada ruralista do país, articula-se para avançar nas terras indígenas e extrair tudo que é possível de riquezas sem renovação dos recursos naturais.  Isso com a desculpa que irão alimentar o mundo e promover o desenvolvimento do país.

 

 

Assistimos cinco dias depois da premiação que destaca o Brasil lá fora, assistimos, repito,  estarrecidos a aprovação da Medida Provisória que reorganiza os ministérios do governo Lula, uma medida que enfraquece os principais ministérios que promovem a proteção da nossa Terra: Meio Ambiente e Povos Indígenas. A proposta do deputado Isnaldo Bulhões (MDB- Alagoas) esvazia os dois ministérios e retira deles importantes atribuições. Deixamos aqui registrado o nosso repúdio a MP e total apoio as ministras Marina Silva e Sonia Guajajara.

“Arquitetura é muita coisa: um agente de mudança, um poderoso meio de tradução e um material que pode ser manipulado: para encontrar um sentimento de pertencimento, para interpretar o presente e imaginar o futuro. Os protagonistas da Bienal de Arquitetura, a quem gosto de chamar arquitetos e não praticantes, têm isto em comum: têm consciência da capacidade manipuladora da arquitectura e têm uma identidade híbrida", afirmou para o jornal La Reppublica, a curadora da Bienal, Lesley Lokko e garantiu que a Bienal seria híbrida e jovem (Lesley é anglo-ganese e propôs o tema -Laboratório do Futuro)

“Muito obrigada, povos indígenas”, disse a arquiteta Gabriela de Matos, fazendo o agradecimento em português quando subiu ao palco para receber o prêmio. O pavilhão está dividido em duas partes: a primeira galeria, denominada Descolonizando o cânone, questiona o imaginário em torno da capital Brasília, construída “no meio do nada”, mas que esconde a diáspora forçada à margem dos habitantes indígenas e quilombolas. A segunda galeria recebe a projeção do vídeo “A Sacudidura da Casa da Torre” e “A Sacudidura da Maison des Esclaves em Gorée”, de Ayrson Heraclito, de 2015. Esta parte da instalação foi titulada pelos curadores com o título “Lugares de origem, arqueologias do futuro”, articulando-se de forma concreta com o tema e título da Bienal, “O laboratório do futuro”.

foto retirada do site Terra, clique em cima para entrar no site
fconstrução de Brasília. foto retirada do site Terra, clique em cima da foto

“Quero parabenizar a Gabriela de Matos e Paulo Tavares pela vitória na Bienal mais importante do mundo. Eles trouxeram uma temática interessantíssima, instigante e necessária que é a influência dos povos originários e do povo negro na arquitetura do Brasil e todo mundo estava falando muito bem sobre o trabalho desses dois jovens arquitetos. A arquitetura brasileira prova, mais uma vez, que é um vetor de projeção internacional do país”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes. (Fonte Correio Braziliense).

Título: Terra [Terra]• Curadores: Gabriela de Matos e Paulo Tavares
• Comissário: José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo
• Expositores: Ana Flávia Magalhães Pinto, Ayrson Heráclito, Day Rodrigues com a participação de Vilma Patricia, Fissura, Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho), Juliana Vicente, Leandro Vieira, Povo Indígena Mbya-Guarani, Tukano, Arawak e Povos Indígenas Maku, Tecelãs do Alaká (Ilê Axé Opô Afonjá), Thierry Oussou, Vídeo nas Aldeias Comissário: José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo
Saiba mais sobre o projeto no site Terra

 

Casa de Pedra, clique em cima da foto

Convido a todos os leitores a visitarem o site Terra para ter uma ideia da dimensão da obra. Na verdade, o projeto Terra é muito simbólico e envolve cultura e abrigos nesse nosso imenso território. Convido também os parlamentares a navegarem no site para uma imersão na nossa gente e identidade num sentido territorial e da arquitetura de. vida.

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