Rótulos à parte, por favor!
Vamos esquecer os fascistas e extremistas que infelizmente existem e tratar de mostrar as gostosuras de Curitiba. A poética, o lado lúdico da cidade...
Curitiba é gélida no inverno, tem muitos dias cinzentos durante o ano, em contrapartida é uma cidade atraente, limpinha e muito bonita! Digo limpinha em comparação a grande maioria das cidades brasileiras, sem falsa modéstia, é a mais limpa. Sei que é muito triste esse fato, porém faço questão de destacar que esse perfil foi adquirido depois que Jaime Lerner passou pela administração da cidade durante 12 anos. Ele era um arquiteto poeta e visionário que ousou transformar uma cidade que era dormitório para turistas que iam a Foz do Iguaçu. Leia mais no artigo: Um tributo ao artista Jaime Lerner. Mas cabe aqui uma ressalva, sem muito confete, não é mais a famosa capital ecológica. Perdeu o título!
Confesso que esse êxtase ”bairrista’ chegou depois de uma crise de nostalgia que explodiu em meu coração quando passei dias desses pela Rua das Flores e fui saborear uma “Madeleine”, na Confeitaria das Famílias. Não me contive e continuei na gula, ataquei num folheado e sai ainda virando a cabeça para trás pensando em outra guloseima e me deparei com o cenário da Rua das Flores.
Assim com a mente adocicada lembrei quando Lerner começou a fechar a rua, antes Rua XV. Era jovem na época e presenciei o maior rebuliço contra a mudança. Logo após o fechamento, quando foram colocados canteiros de flores, a população desacostumada com a beleza das flores, na surdina, arrancava as mudas. Eram senhorinhas arrancando e prefeitura plantando de novo, isso até a população se acostumar com a novidade da cidade ter uma rua fechada para carros e além de tudo, florida. Hoje, as flores da época desabrocham e deixam um colorido especial nos canteiros espalhados pelas ruas.
Educar a população a preservar e cuidar do que é seu foi um exercício de cidadania e resultado de muitas campanhas publicitárias. Foi como polir uma pedra bruta. E assim a Rua das Flores foi feliz para sempre (claro alguns inconvenientes às vezes) dando condições até para abrigar cortejos e manifestações. Na foto um cortejo circense que alegrou a cidade.
E esse café minha gente! Acolhedor e amplo instalado dentro do Cine Passeio, inaugurado há pouco, recentemente, não sei ao certo. Preguiça. Google e descubram. O lugar faz parte do novo Complexo Cultural Cine Passeio na Rua Richuelo, antes ponto de prostituição e hoje revitalizada.
O saudosismo começou o ano passado quando a amiga Vera Lu esteve revendo Curitiba (vive hoje no Rio), na qual passou boa parte de sua juventude. Jornalistas, as duas, trabalhamos juntas em algumas ocasiões.
Pose para posteridade em frente ao restaurado Cine Luz, atualmente repaginado, junto com o Cine Ritz, ambos projetam filmes de excelente qualidade fora do circuito comercial cinematográfico.
No vídeo poderão observar uma infinidade de Carpas. Estas estão salvas do desvario de uma primeira-dama que deu sumiço em outras que nadavam placidamente num lago em Brasília. As nossas não foram presenteadas pelo Imperador do Japão, mas fazem a festa das crianças quando nadam ligeiras para ganhar guloseimas. Aproveitem e venham conhecer as carpas parecidas com aquelas que um dia viveram no Palácio do Planalto.
Este imponente portal de entrada do Passeio Público de Curitiba foi construído em 1886, pelo então prefeito Cândido de Abreu,e inspirado num portal do cemitério de cães, em Asnières, na França. Tava certo ele, né. Queria e pronto. Não ficou feio, não é mesmo?
Parque João Paulo II é uma gracinha, também chamado Bosque do Papa. Um lugar de muita paz que eu costumava sentar e meditar depois de uma caminhada na ciclovia que corta o Bosque.É formado por casas de troncos de pinheiros encaixados, típico da Polônia, e ela foram dispostas em forma de aldeia. As casas, construídas por vota de 1878, foram remontadas naquele espaço, quando da implantação do Bosque.
Um flagrante bucólico de uma tarde de pasmaceira no Parque Barigui. O tradicional pipoqueiro, com seu carrinho, sempre verde, atraindo patos e cisnes pelo cheirinho saboroso de uma pipoca quentinha.
Então deixei aqui um pouco das gostosuras de Curitiba, sem ser roteiro turístico, assim quase num imbroglio, numa explosão paixão por recantos que curto e apenas para colocar um pouco de poética numa cidade que me acolheu durante tantos anos e não pode ser generalizada com rótulos.
Confesso que já senti raiva da República de Curitiba, arbitrária e ignorante e como esquerda convicta, intitulada comunista, convidada a ir para Cuba, não foi fácil conviver com extremistas porque eles existiram, existem e estão por aí disseminados e espalhando notícias falsas.
Venha visitar a ex-Cidade Sorriso, a ex-Capital Ecológica com o coração aberto para descobrir a poética quando sol aparece e é celebrado por todos. Curitiba está cheia de encantos e recantos capazes de fazer você querer viver nela. Isso é, se gostar do frio!