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Tenho certeza que não se arrependerá. Basta voltar no tempo e lembrar que em 12 anos do governo Lula/Dilma, a parte cultural deixou de ter uma visão elitista e passou a ter políticas públicas de resgate da nossa verdadeira e variada identidade cultural. Programas de inclusão, como Pontos de Cultura em áreas periféricas, estímulo às artes visuais, música, literatura, valorização do Cinema Nacional, estímulo a produção de audiovisual fora do eixo Rio/São Paulo, com cursos de cinema em diversas cidades, esses foram alguns programas que deram certo e mostraram um outro Brasil.
“As filas para candidatar-se às aulas de cinema davam volta na quadra, na Cinemateca de Curitiba”, conta a produtora cultural Janine Malanski, que durante anos foi diretora de Marketing da Fundação Cultural de Curitiba. Como jornalista oficial do governo do Paraná, na época, vivi esse período de grande efervescência no campo da artes.
Certamente concordam comigo, além de Janine Malanski, amigos dos Estados Gerais da Cultura, em especial o cineasta Silvio Tendler, talentoso documentarista que produziu memoráveis filmes sobre nossa história política e social, Célio Turino, o idealizador dos Pontos de Cultura e grande semeador de ideais, Katya Teixeira, cantautora e criadora do Dandô, circuito musical que reúne cantores compositores de todo o Brasil, entre outros talentos que estão juntos no EGC na luta pela volta do Ministério da Cultura (MinC) e por uma sociedade mais justa.
Arte é Resistência
Não é possível mais continuar como está, limitando projetos de expansão e valorização das nossas culturas tradicionais e populares. O atual governo não só quis enfraquecer a identidade do povo brasileiro ao reduzir as ações do Ministério da Cultura numa secretaria especial, vinculada ao Ministério do Turismo, mas também diminuir a força identitária do país. Não é desvalorização é estratégia de domínio.
É como se hoje os programas mais importantes do MinC estivessem espremidos e perdendo o link com o mundo numa gaveta bolorenta e úmida. A cultura é a identidade de uma nação.
Um povo sem cultura é um povo sem alma
Pedro Serrano, advogado e professor, em encontro nos Estados Gerais da Cultura definiu muito bem o papel da arte e o por quê dela ser tão massacrada em regimes autoritários.
“Neste momento histórico entendo a arte como espontânea porque a espontaneidade é o movimento de resistência a esse processo de vulneração da nossa intimidade e desejo. Portanto, essa arte espontânea é essa a inimiga. Precisa ser eliminada. Precisa ser trocada pelo puro entretenimento porque o entretenimento é arte vulgarizada, esvaziada de sentido, Processo de descontínuo.. Transformando ela numa pura mercadoria.
Mais do que nunca fazer arte verdadeira, cultura, é a forma mais sofisticada e mais intensa de resistência que nós temos que ter. Isso é muito importante. o fascismo, o autoritarismo não ganha de nós quando tortura porque a gente sobrevive e volta para luta, ele nos mata porque a gente vira símbolo, porque outras pessoas tocam a nossa luta.
Ele ganha da gente quando nos transformam com algo parecidos com eles. Quando a gente reage com violência.
Arte é grande espaço de residência porque a arte não nos igualiza. Tem essa capacidade de transmitir um processo comunicativo que passa mais por afeto sem muita mediação das representações e isso impede pela sua natureza que nos igualize. Quem faz arte nunca é fascista.
A verdadeira arte nos imuniza do fascismo. Porque não nos deixa se transformar em algo parecido com eles. Nem que ela nos enlouqueça. É melhor nos enlouquecer do que nos transformar em algo parecido. Portanto, vocês são os guardiões da sociedade, da liberdade porque é a vocês que incumbem segurar essas bandeiras porque são os herdeiros da .espontaneidade, herdeiros das verdadeiras resistências e vão impedir que pelo menos uma parte da sociedade se transforme em algo parecido com essa gente”.
Os desenhos de Rosana Paulino não foram escolhidos aleatoriamente para ilustrar nosso artigo sobre cultura e o período no qual Lula foi presidente no país e que lutemos para que ele volte. As aquarelas de Rosana são um grito de liberdade das minorias e dão espaço para mulher negra, que foi escrava, amamentou filhos de patrões, foi abusada, torturada e não sucumbiu, floresce hoje em sua luta como um Jatobá forte e sagrado. Suas obras estão expostas na Bienal das Artes, em Veneza.
Em seus trabalhos explora a história da violência racial e o legado remanescente da escravidão no Brasil. ” A artista analisa em detalhes a elaboração e difusão das teorias colonialistas e racistas que justificaram o imperialismo europeu e o comércio de escravos”, escreve a curadoria da Bienal, no Arsenale. Dos diversos desenhos presentes escolhemos para ilustrar, primeiro com a série Jatobá, 2019, no qual no corpo de uma mulher negra brotam raizes, folhas, como a árvore da vida, sobretudo o Jatobá, árvore que é considerada sagrada pelos indígenas da Amazônia. A outra obra, chama-se Senhora das Plantas (2019). Ambas florescem e têm raízes, dão frutos.