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Experiências bonitas

Está certo que o período de mais isolamento na pandemia – que durou para mim uns dois anos – nos trouxe muitas angústias, incertezas e dores de perdas de uma maneira nunca imagináveis.

Eu particularmente não precisei lidar com o luto de uma morte tão repentina de algum familiar próximo, mas sofri com os amigos que os tiveram.

Contudo, busco me apegar às coisas boas que tive neste período. Revendo outro dia fotos e vídeos dos meus filhos, de 13 e 8 anos hoje, me emocionei pela grande evolução que eles tiveram e que pude acompanhar quase que minuto a minuto.
No começo, um caos, confesso. A sala, ou melhor, a mesa de jantar na sala, que já era meu local de trabalho virou o escritório do meu marido. Virou também a escola das crianças – um entrando na pré-adolescência e outra iniciando a alfabetização. De repente, um emaranhado de fios, extensões e dispositivos ligados ao mesmo tempo.

Depois, cada um foi se ajeitando como pode e no final de 2 anos, crianças de volta à escola, o marido continuou trabalhando em casa, mas agora com uma bancada de trabalho adequada e a internet só pra nós…

Caos_amor

Meses depois de isolamento total, começamos sair do apartamento em um mega esquema de segurança sanitária para fazer trilhas e piqueniques ao ar livre. E esta foi uma das experiências mais gostosas e com os melhores frutos que tive.
Quarentei na quarentena e não sei se foi a maturidade dos quarenta anos ou a pandemia, mas eu, uma cidadã urbana desde sempre e com medo extremo de qualquer animal, – sério, até mosca! – fui me descobrindo e me integrando com a natureza. E isso foi me fazendo bem. Parece que fui sendo mais eu, na íntegra.

Passei de odiar mato, picada, trilhas a amar cada passeio desses que podíamos fazer. Comecei a procurar lugares próximos da cidade para aproveitar entre nós, depois com mais um casal de amigos e descobrimos trilhas, quintais, cachoeiras! E isto esteve ali, muito perto de Curitiba, sempre.

Sem que me desse conta, meu próximo passo foi ter um cachorro. Nunca tinha tido um e minha memória só recordava de uma má experiência, um susto, que tive de muito pequena na casa da minha avó. De lá pra cá, nem entrava em casa que o cachorro estivesse solto.

Arquivo pessoal

Mas um dia, uma amiga postou no grupo do whatsapp fotos e vídeos de um filhotinho que os filhos haviam ganhado e foi nascendo uma vontade de ter um cãozinho também. A outra amiga me indicou um monte de canis onde pudesse pesquisar e no momento em que o instagram me mostrou um vídeo de um filhote muito pequena e fofa, me apaixonei.

E assim nossa Lily – uma Shih tzu – veio para casa, integrando e completando a família. Parece que a bolinha de pelos sempre esteve conosco, sempre se alegrando com nossa presença, sempre brincando de pegar nossa meia e levando para a casinha dela.
E quando ela chegou, eu ainda me lembro do medo que imaginei que teria ao pegá-la, cuidá-la, pensando nas possíveis mordidas e eu, indefesa… (risos) E foi só carinho!

Minha filha estava há um tempo falando sobre fazer equitação – ainda acho que por influência do desenho do Spirit e Lucky – e eu nem sabia que era tão fácil encontrar escolas por perto. Marquei uma aula experimental pra ela e resolvi tentar também. Subi num cavalo, aprendi a montar, a trotar, a saltar um pequeno X, a cair… e a me sentir leve, calma quando estava nas aulas. Por vários motivos, inclusive logísticos, não pudemos continuar este semestre, mas um dia voltaremos! E esta foi uma experiência linda pra mim. Dessas que quero valorizar. Um pouquinho da superação dos meus medos.

Assim como vou valorizar cada etapa dos meus filhos neste período: aprender a ler, a andar de bicicleta, de patinete, de hoverboard, a cozinhar, a jogar xadrez, a voltar das aulas de inglês sozinho. Valorizar e gravar na memória a tarde de frio, reuniões e aulas on-line, mas com todos juntos comendo um pãozinho caseiro fresquinho e um bolo quentinho recém-saído do forno.

E o tempo passou, as vacinas chegaram, todas as doses tomadas por todos e com isso os encontros maravilhosos com os amigos, festinhas de aniversário das crianças e a possibilidade de uma viagem de férias.

O destino escolhido? Bonito!

Todos em casa quiseram aproveitar o meu “momento natureba” pra fazer este passeio que há tempos falávamos. Mas antes de eu ser o eu de hoje, nem pensar! Só de imaginar eu colocando o pé num rio cheio de peixe, me arrepiava, virava o estômago. Eu, que nem limpava o pequenino aquário do meu filho com um único beta.
Partimos em agosto para uma viagem ma-ra-vi-lhosa! Passeios incríveis em meio à mais pura natureza.

E Bonito tem passeios para todos os gostos: da aventura à contemplação do pôr do sol. Da bicicleta à flutuação. Tanta coisa pra fazer em tão pouco tempo!

Chegamos na cidade umas 15 horas e estávamos famintos. Fomos a um dos muitos balneários que existem lá pra almoçar e curtir o final de tarde e já nos encantamos. Água limpinha, pessoas nadando com os peixes (bem grandes) na maior tranquilidade, o clima extremamente agradável. Um ótimo início para os 6 dias de férias.

Mas o dia seguinte reservava o meu maior desafio. Enfrentar mais um medo e entrar no rio cheio de peixe. Nossa primeira aventura seria uma flutuação no Aquário Natural.

Minha filha também estava com um pouquinho de medo e decidimos enfrentar juntas, entrar de mãos dadas. E ela me falava: “Não tem reembolso, mãe”, dando muitas risadas.

E o tal dia seguinte chegou, o frio na barriga foi diminuindo e depois das roupas de mergulho, máscara full face – um snorkel moderno que recobre a face toda – e treinamento, parecia que estava pronta para entrar no rio e até tocar num peixe.

Parece bobo para quem não tem este medo, mas não é.

Nunca me senti tão integrada, tão pertencente ao mundo. Eu ali, flutuando sobre águas mais límpidas que já vi, cercada de peixes lindos e enormes que simplesmente me observavam. Sem medo. Só felicidade por poder ver e viver mais uma experiência bonita.

Aquário Natural - Bonito, MS
Aquário Natural - Bonito, MS
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