A ideia de registrar o Forró, o verdadeiro de raiz, aquele pé-de-serra, como patrimônio imaterial brasileiro surgiu no nordeste, onde quase todas as festas vibram ao som de um bom baião, xaxado e xote.
Mas é uma luta que já se arrasta há mais de 10 anos e o povo que ama a alegria do balançar dos quadris das damas e o arrasta-pé cheio de ginga, quer garantir a autenticidade da festa.
Num inventário preliminar o IPHAN constatou que o Forró não se resume somente às festas de São João e existe em 14 estados brasileiros com o devido destaque. O Forró envolve os ritmos matrizes – baião, xaxado, xote, instrumentos musicais específicos, danças, participação feminina e muita música vibrante.
O Forró mexe com a alma do povo genuíno, aquele que vive em sintonia com a vida brasileira, a maioria humilde, simples, que, no entanto, conserva no coração a alegria de viver em um país cheio de cores e belezas naturais.
Como uma admiradora da cultura popular e num constante ir e vir há quase 10 anos para Natal, no Rio Grande do Norte, posso afirmar que o Forró vive no coração de todo o nordestino. Qualquer feira popular ou de artesanato tem o seu dia de curtir o Forró pé-de-serra. Antes da pandemia participei destas festas e como uma sulista sem ginga dura no corpo e sem noção da rapidez dos passos demorei para pegar a manha. Demorei para pegar a manha, aliás acho que nem cheguei perto.
Joana Alves é uma dessas grandes defensoras para preservar o Forró como cultura imaterial. Ela atua frente a Associação Balaio do Nordeste. É uma paraibana arretada, arte educadora, artesã, produtora e articuladora cultural. “Forró é grande é imenso e no Brasil todo e não pode ficar restrito a três ou quatro estados. Até lá fora do Brasil ele existe”, contou Joana num encontro com os Estados Gerais da Cultura.
Joana explica que toda uma pesquisa sobre a importância do Forró, a partir da realização de Fóruns de debates, o resultado será entregue ao IPHAN para definir em outubro o registro. Segundo retorno da instituição até 13 de dezembro o Forró será registrado como patrimônio imaterial.
Militante e ativista cultural, gestora de cultura, pesquisadora das culturas tradicionais e populares brasileiras, Rejane Nóbrega alerta para o perigo da descaracterização do Forró. Daí a necessidade de garantir o registro e preservá-lo na sua originalidade.
Algumas festas muito populares e de grande repercussão turística, especialmente no Ceará, na Paraíba, estão inserido o que se chama “Forró de plástico”, certamente um resultado da intensa globolização.
O Brasil tem forrozeiros inesquecíveis e entre os nomes mais famosos, citamos os mestres Luiz Gonzaga e Sivuca. Mas escolhemos Luizinho Calixto para mostrar as habilidades nesses ritmos vibrantes do Forró por ser um dos últimos mestres da sanfona de oito baixos.
Luizinho é tido como um dos melhores do Brasil na atualidade, muito conhecido por seu virtuosismo e também por ter sido o primeiro a criar um método escrito para sanfona de 8 baixos no modelo de afinação transportada no Nordeste do Brasil.
Luizinho, também toca acordeom de 120 baixos, violão e cavaquinho e também alguns dos instrumentos de percussão, como zabumba, pandeiro, triangulo, agogô e reco-reco. Luizinho é compositor e diretor musical, também nas horas vagas é artista plástico.
Então minha gente o Forró é nosso!
Vamos entrar juntos nesse movimento que irá garantir que as verdadeiras raízes do Forró pé-de-serra sejam reconhecidas como patrimônio cultural brasileiro.