O escritor inglês Conn Iggulden, que é sinônimo de best seller no mundo, tem o prazo de 11 meses para escrever uma obra e assim que começa já define antes o final do livro. “No início escrevia sem planejar, mas quando comecei o primeiro livro de ficção histórica já sabia qual seria a última linha antes de terminá-lo e percebi com isso, que é mais fácil para trabalhar quando temos um prazo”, conta. Iggulden pertence ao seleto grupo de escritores que vive exclusivamente de literatura neste planeta.
Ele é autor de O Imperador, quatro volumes que relatam a vida do imperador romano Júlio César – já lançado no Brasil – outro mais recente resgatou a vida de Gengis Khan em O Conquistador. O escritor revela que para conhecer melhor a história do imperador mongol permaneceu um mês na Mongólia vivendo e conhecendo a cultura. “Quando imagino um tema, antes de começar a escrever visito o lugar e o povo e me mantenho conectado com as livrarias e bibliotecas em Londres, que me avisam quando encontram qualquer informação que irá contribuir para o meu trabalho”, afirma.
Para o autor de oito livros, escrever sobre ficção histórica não é a mesma coisa que produzir um livro sobre hobby, como o primeiro que escreveu em parceria com o seu irmão Hal. O títutlo da obra é “O livro perigoso para garotos”. “Eu e meu irmão trabalhávamos num galpão e era como um hobby que relatava o gosto por atividades como jogar bola de gude ou gostar de arco e flecha. Portanto, escrever sobre este tema possibilitava a condição de finalizar a tarefa diária da escrita e esquecer o assunto livro, bem diferente do que escrever sobre ficção histórica que se pensa no livro o tempo todo. Tem ele na cabeça de manhã à noite, até terminar”.
De qualquer modo,o escritor explica que adora histórias e reconhece que esta inclinação herdou do seu avô irlandês. “Ele era um autêntico “seánachai”- contador de histórias”, afirma. Ao começar a escrever sobre Gengis Khan, Iggulden sabia que precisava saber mais sobre os mongóis e o tempo que ficou convivendo com eles descobriu algumas referências únicas da cultura: cabelo preto, pele avermelhada, adoração total pelo cavalo e, com certeza, que tiveram os anscestrais americanos porque cruzaram o Estreito de Bering, provavelmente eram índios Apaches.
“A Mongólia é um lugar muito estranho e o povo perdeu a sua própria história. Para eles, Gengis Khan é considerado um herói porque unificou as tribos e formou uma nação, apesar de ter sido uma pessoa extremamente cruel”. Iggulden acredita que é inevitável a empatia que o escritor tem com o personagem que escreve e no decorrer da obra, por ser ficção, o autor faz uma escolha. “Quem não concorda com o ponto de vista deve mandar algo por escrito informando sobre o assunto. Prefiro que as pessoas façam isto. É uma forma também de demonstrar interesse pela obra”.
Eis alguns comentários sobre a série Gêngis Khan de blogs brasileiros. Para quem gosta de sagas históricas vale ler as séries do escritor britânico.
A entrevista de Conn Iggulden foi feita pelo PanHoramarte com base em uma palestra que participou do Salão de Idéias, em uma das bienais do livro de São Paulo há alguns anos. A reprodução da entrevista é válida para um país como o nosso, cujo o mercado de livros tende a crescer.
Iggulden foi acessível e simples, autografou os livros e fotografou com quem desejasse guardar a lembrança de posar ao lado de um escritor de sucesso. Nasceu em Londres e formou-se em inglês pela London University. Trabalhou como professor por sete anos, até a publicação dos Portões de Roma, primeiro da série O Imperador.