Por Luiz Ernesto Wanke –
De longe é branquinho
E suas torres terminam no céu,
Bonito de doer
(Estou sendo piegas?)
Os pinheiros a encobrem aumentando a imponência
Num tapete verde escuro
Como moldura, as montanhas da Serra do Mar
Pré-Cambrianas.
A brisa roça a pele, o som é o do vento e o cheiro, o do mato.
De perto, uma cerca…
De arame trançado,
Que já assusta:
– Meu Deus, onde fui me meter?
Porque:
O castelo não é castelo
Mas uma sólida fortaleza
As torres? São guaritas
Cheia de guardas,
Armados
Mirando os desarmados
Paredes alvas? De perto, não!
São altos muros que projetam sombras
Sinistras!
As janelas? Não, buracos trancados com ferro.
Ali vivem feras
Perigosas
Cerradas pelo concreto
E mais fios de aço farpado
Vigiando o muro, outro alambrado;
Entre eles, cães ferozes,
No meio de um mar de cocô.
E onde foram os pinheiros?
Só ficaram os tocos.
E as velhas montanhas?
Tem os dorsos pelados pelas pedreiras,
Lembrando as companheiras ratazanas,
Com as costas peladas pela lepra.
Elas, livres
Entram e saem pelos buracos do chão.
Para a sociedade, um monte de lixo inútil.
Mas por baixo dele,
Num monte de folhas secas
Dorme uma perigosa urutu,
Cruzeiro,
Inerte e traiçoeira
Potente
Para o bote fatal!