Quando eu era pequena, costumava sempre escutar aquela música do Nando Reis, “Dessa vez”, que diz assim: “É bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer”. Com 16 anos já me comportava como se tivesse 50, pensando no passado, o pouco passado que tinha, e fazendo dele uma novela.
Faz pouco tempo completei 30 anos, e justamente hoje faço meu décimo aniversário fora do meu país. Sigo sendo a mesma menina dos 16 anos, aquela que pensa no passado, aquela que sente vertigem do que passou, mas aquela que também encara o futuro (com tudo que ele tem pra oferecer). Sei que tudo isso soa muito piegas, e se falar do passado com 30 anos deve soar um absurdo, não quero imaginar o que as pessoas pensavam de mim quando falava sobre o passado com 16.
Sempre me falaram “estuda que você vai longe”; e olha onde estou – a 9000 km da minha casa dando razão a minha mãe.
Essa razão que todo mundo sabe que mãe tem mas que só começa a admitir depois de anos.
E la se foram 30 anos… e la se foram 10 anos. E ainda acredito que o melhor esta por vir. Por que por alguma razão, não paro de pensar que a vida sempre pode me surpreender mais. E se esses 30 anos foram tão bons, que o que pode vir nos próximos 30 deve ser genial.
A verdade é que não há forma de prever o futuro. Também não tem como ser todos os dias felizes. A parte do Facebook, nossa vida é normal: todos dormimos, acordamos, trabalhamos, estudamos e temos rotinas que são chatas e que nem todos os dias estamos dispostos a cumpri-las. Todos nós temos nossos momentos de dor, de raiva e de apatia: quem sorri todos os dias da sua vida muito certo não está. Aprender a conviver com a dor e com a alegria é uma tarefa diaria; e uma imposição da vida. Nenhum desses dois sentimentos podem ser negados. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca.
Sentimentos esses, muito bem explicados no filme “Inside Out”. Assim como a alegria é um estado de espirito necessario, a dor também tem a sua função: da maturidade, do crescimento (interior e exterior). Nega-la pode ser extremente perigoso.
Por outro lado, uma das lições que a vida nos ensina, e uma das mais importantes, é o relativismo. Nem tudo na vida é absoluto, e relativizar problemas é uma maneira bem sábia de colocar a vida em perspectiva e verificar se aquilo que nos preocupa é realmente significativo. Basta pensar no monte de bobeiras que nos preocupavamos quando eramos adolescentes e que hoje em dia são as coisas mais banais do mundo.
Ademais de relativizar problemas, podiamos prestar a atenção nos pequenos detalhes da vida. O que nos provoca uma risa? O que nos faz sorrir? O que nos faz triste? Porquê me entristeço com isso ou com aquilo? Responder essas perguntas é fundamental para o crescimento pessoal. Entender a si mesmo não é uma tarefa facil, mas é imprescindivel si queremos ter alguma paz de espirito agora e sempre.
A maioria das pessoas que falam sobre os arrependimentos passados são aquelas que nunca quiseram parar e pensar sobre ela. E quando se deram conta: a vida passou. E não é que a vida é curta. Para quem sabe aproveitar, como por exemplo foi a caso da minha vó, a vida tem o tempo certo: só depende de você fazer valer a pena.
Antes de nos profissionalizar pra uma carreira, pra uma profissão, deveriamos nos professionalizar para a vida. De certa forma, acho que o mundo anda muito amador sobre esse tema. Pensar, reflexionar é um dos dons que nos foi outorgados para fazer uso dele. Já dizia Sócrates que “uma vida não reflexionada é uma vida que não vale a pena a ser vivida”. Então; começamos já?!