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A solidão de Alan Turing

Por Lucia Helena Fernandes Stall – “O Jogo da Imitação” do diretor norueguês Morten Tyldum, para mim, um jovem e desconhecido cineasta. Dirigiu também “HeadHunter”.

“O Jogo da imitação” narra a vida do britânico, Alan Turing, matemático, lógico, criptoanalista e cientista da computação, que conseguiu com sua genialidade decifrar os códigos criptografados dos alemães nazistas na 2ª. Guerra Mundial.

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Foto Internet do filme O jogo da Imitação

 

Ao decifrar o enigma, os alemães perderam a guerra, e, milhares de vidas foram poupadas.O cerne do filme é em torno do grupo de jovens matemáticos liderados por Alan, no desvendamento do Enigma (utilizado pelos alemães para suas mensagens cifradas).

Até aí tudo bem, uma narrativa histórica empolgante, mas, o que me envolveu no filme não é a linearidade da história da 2ª. guerra, mas, a história do jovem e belo matemático, nos seus 27 anos. Me afundei nas peculiaridades da personalidade do cinebiografado, extremamente inteligente, e totalmente antisocial, com características da Síndrome de Asperge (um tipo mais leve de autismo).

As dificuldades de relacionamento com o grupo, que se comprovam nas rápidas cenas dele relembrando a sua vida escolar. O bloqueio emocional, e, a racionalidade exacerbada, incomodam o expectador, deixam uma inquietação profunda na alma.

O homossexualismo que surge na parte final do filme, numa Inglaterra moralista, que punia com prisão ou castramento químico, opção de Turing no processo criminal que sofreu em 1952, que lhe levou a um suicídio prematuro (42 anos), é torturante, mas não representa nada diante da racionalidade que lhe impedia se emocionar, amar, perceber situações humorísticas, saber ler as faces de seus interlocutores, tem um peso enorme que a questão sexual deixa de ser relevante no contexto.
É um filme inquietante, que me levou algumas horas de reflexão durante a semana. Mas, aos apreciadores de bons filmes, vale assistir.

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