No silêncio me descubro.
Ouço as vozes dentro de mim conversarem, procurando entender o meu todo. Na minha cabeça passa um filme, tendo como cenário experiências vividas. Me vejo rindo, chorando, surpreso, temeroso, valente, indeciso, aluno da vida. A vida é uma estrada cheia de inúmeras faixas, curvas perigosas, sinais de alerta, desvios, atalhos, estradas acidentadas, caminhos tranquilos, as vezes colorida, as vezes preto e branca. Tenho emoção no pensamento e razão no coração. Sou muitos países, até mesmo muitos planetas. Minhas órbitas desafiam as leias da física. Dentro de mim posso ser personagens de dramas e comédias. Minhas imperfeições se estranham com minhas virtudes. Esta é uma batalha constante. Sou o artista da arte de ser eu. Desenho meus traços, me pinto, rabisco, busco uma forma, uma linha que me leve a descobrir novas possibilidades de me reinventar. Há momentos que quero apagar certas coisas, mas fica um borrão. Não dá para tornar o feito invisível. Ele está sempre lá mesmo que deixe num canto, numa sombra, ele me lembra que não posso deixar de ser minha essência. Minha essência é, ao mesmo tempo, cárcere e libertação. Sou cheio de perguntas e poucas respostas. Tento me definir mas é um enredo complexo demais para traduzir. Dou-me ao luxo de gostar-me e desgostar-me. Preciso de remendos quando tento me descobrar em muitos. Minha diversidade é fruto do que procuro criar. Transito entre sonho e realidade. Amor e medos.
(Escultura de Bruno Walpoth)