Está rolando a Feira do Livro em Madrid. Esse ano com Portugal como país convidado. Eu circulei por ela esses dias e como amante das letras não pude deixar de comprar livros, assistir conferências e… escrever aqui um pouco mais sobre eles: meus eternos amantes, companheiros de toda uma vida.
Amo livros, tanto como vinhos.
Bom, uma coisa não exclui a outra. Na realidade são complementares.
É o meu momento do dia, da noite… é quando eu me evado. Por isso as feiras dos livros são tão importantes. Mostra a uma grande parte da população o que foi lançado no mercado, da oportunidade de conhecer escritores, de conhecer autores novos e se surpreender novamente.Ali, encontramos a todos que compartem essa paixão em comum. A todos que querem ir e ver tudo que há de novo, descobrir no desconhecido e encontrar o nunca achado.
Acho que Madrid acertou em cheio: colocou a feira do livro bem no parque mais emblemático da cidade: o parque do Retiro. E que melhor lugar para albergar uma biblioteca ambulante, aquele no meio do parque. Você sai de casa, vai dar uma volta, vê livros, compra um, senta num banquinho e parece que você já não está mais ali, naquela cidade que impera o concreto.
Ler é como viajar sem sair do lugar.
É se auto-transportar a qualquer parte do mundo, do universo. Por isso me dedico tanto a esse esporte. Sou viajante e exploradora do mundo; quando não posso viajar, eu leio. E leio muito mesmo. Não com velocidade… mas com toda a calma do mundo, desfrutando e deleitando cada minuto de essa viagem, de esse momento.
Essa semana por exemplo terminei de ler um clássico que estava ensaiando faz anos: Anna Kareninna. Domingo passado, de tardezinha, finalmente terminei suas 1007 páginas em letra diminuta. Por um lado, agradeci não ter que levar aquela “bíblia” dentro da minha bolsa durante a semana, porque pesava um monte… por outro lado fiquei triste, como se esse livro já fosse parte de mim e agora tinha que deixar-lhe de novo na estante.
Um pequeno probleminha dos romances é que eles são finitos. Porém, o lado bom, é que agora é você que continua a história.
Bons romances são como beijos; você nunca esquece. E por anos você é capaz de lembrar grandes detalhes como se o tempo não passasse. Muitos livros que li no passado sigo lembrando hoje em dia: o enredo, o ambiente, os personagens… E, muito tempo depois, sou capaz ainda de me perguntar que faria essa pessoa (como se fosse real) em esta situação.
É como se eu ganhasse um amigo, e que ele, por muito longe que vivera, estivesse caminhando comigo na estrada da vida, ajudando-me a encontrar soluções para os problemas que surgem. Até hoje penso nos personagens de muitos livros de Milan Kundera, James Salter, Clarin, Eça de Queirós e sempre acabo perguntando-lhes coisas absurdas. Eu rio sozinha e acabo respondendo eu mesma como se fosse eles respondendo. Pode parecer tudo uma loucura, mas é aí onde eu encontro a graça da vida.
Na solidão do momento me sinto rodeada de amigos. Com um livro parece que o tempo se congela, e só esse momento importa. É viver o presente na sua forma mais pura, é um gozo constante e uma aventura eterna.
São esses momentos, que na absurdez do meu cotidiano acabo encontrando a felicidade a tanto buscada e que cobra sentido nesse átomo de momento que chamamos vida.
Leia!
Feira do Livro de Madrid
Onde: Parque do Retiro em Madrid
Quando: 26/05 a 11/06
Mais informação: http://ferialibromadrid.com/