Por Lucia Helena Fernandes Stall – No Dia da Terra, quero mencionar dois artistas que falam com o âmago da Terra em suas obras. Primeiro Mia Couto, para mim um dos maiores escritores contemporâneos com seu livro Terra Sonâmbula, uma narrativa da catastrófica guerra em Moçambique, com uma narrativa diferente que mistura um pouco do mágico (realismo fantástico) e a linearidade tradicional, revelando uma devastação e morticídio sobre uma terra de sonhos, a África.
O início da narrativa mostra de antemão o que vamos encontrar nas entranhas do livro, “um ônibus incendiado, um diário perdido, e um menino aventureiro e sonhador tentando neste caminho encontrar a paz na Terra. Percurso difícil, que com maestria Mia Couto nos conduz, sempre com a Terra presente.
O outro artista é Sebastião Salgado que na primeira parte do filme “Sal na Terra”, nos remete à Africa demolida pelas guerras, uma das fotos impressionantes percorre uma estrada totalmente coberta de corpos inertes dos africanos dizimados.
A Terra sempre presente na obra dos dois artistas. No primeiro a revelação de um continente cheio de enigmas, o outro a apresentação de um Planeta onde os homens habitam o desconhecido. O Planeta com suas entranhas mais profundas. Hoje, homenageio a terra através destes dois menestréis.