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Cores dos Afrescos de Vila Lívia sobreviveram à escuridão

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A sensação de que o tempo não passou e o império romano se movimenta e respira em todos os cantos de Roma se acentua quanto visitamos os sítios arqueológicos e as obras de arte da época, espalhados pela “cidade eterna”. O Museu Nacional Romano é um dos locais que exibe exemplos célebres da arte romana, que datam dos últimos anos a.C e do primeiro século d.C, com destaque aos magníficos afrescos encontrados num quarto subterrâneo, nas escavações do sítio arqueológico da Villa Livia, que sobreviveram à escuridão e foram transferidos para o Museu, onde hoje encantam o visitante pelo colorido vibrante e os detalhes da poética pictórica.

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Os afrescos estão expostos em uma das salas do Palazzo Massimo, sede do museu, e são notáveis por ser um dos exemplos mais conservados de como era um jardim romano, datado provavelmente dos anos 20 a 40 a.C. Estudos apontam como um “ninfeo”, lugar sagrado, fonte, bosque, santuário, da época helenística e romana, criado por Livia Drusilla, a terceira mulher do imperador Augusto. Pouco se sabe sobre estes afrescos, cuja sala, que parecia dar impressão de caverna, tenha sido utilizada como algum refúgio fresco durante o calor do verão. O gesso foi pintado em cima de uma parede de azulejos dispostos em cinco linhas, destacado da parede para criar uma cavidade que isola da umidade.

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O único acesso ao local era por uma escada e a sala não possuía janelas, talvez uma claraboia. Poderia ser um jardim de inverno que foi encontrado intocado nas escavações descobertas em 1863. A falta de luz e ar no ambiente subterrâneo contrastava ao tema da decoração pictórica, que se fixa na representação simbólica de um amplo jardim, com grande variedade de espécies animais e vegetais pintadas em todos os seus detalhes.

A pintura deste jardim foi elaborada com simetria, perspicácia e com uma gama de sugestões espaciais em função dos elementos que revelam movimento, como os pássaros voando e os ramos inclinados em razão do vento. As pesquisas feitas sobre o trabalho registraram 23 espécies vegetais e mais de 60 espécies de aves. Villa Lívia, ou Villa Primaporta de Roma, correspondia à casa de Lívia Drusilla, a esposa de Augusto, e segundo uma lenda poética, a vila foi fundada por causa de uma águia que teria feito cair na barriga de Lívia uma galinha branca com um ramo de louro no bico. Aconselhada por adivinhos, a imperatriz criou galinhas brancas em sua casa e plantou o ramo em um bosque que se transformou em uma árvore, da qual o imperador colhia sempre uma folha de louro para acompanhá-lo em suas batalhas, como bom presságio.

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Palacio Massimo

O Palazzo Massimo foi construído no século XIX e hoje ele faz parte do Museu Nacional Romano. Está localizado próximo da Estação Termini e da Therme di Diocleziano, que também é um museu. As obras de arte e os achados arqueológicos estão distribuídos nos três andares do edifício. No piso térreo, o museu mantém uma seção de Numismática que possui exemplos fascinantes de moedas e sistemas monetários a partir de suas origens, no século VIII a.C, até a introdução do euro. Incluem-se também pedras preciosas, jóias da coleção dos Savoia e ouriversaria que serviram como elementos funerários.

A coleção de obras de arte, que abrange o primeiro e segundo andares do palácio, inclui muitos exemplos célebres da arte romana que data do final do período republicano até o fim do Império Romano, bem como várias obras de origem grega descobertas durante escavações nos Jardins de Salústio. No piso térreo, uma rica exposição de retratos, reforçada por mosaicos, esculturas e inscrições, documentos de duas eras que revolucionou a sociedade romana, que ocorreu após a conquista da Grécia, e durante a transformação do Estado Romano de República Romana a um grande império Mediterrâneo.

No primeiro andar, várias citações conhecidas retiradas de textos antigos descrevem o gosto romano para determinados estilos e escolas de arte. Isso ajuda o espectador a compreender, acima de tudo, o projeto e decoração de grandes complexos de edifícios imperiais romano, como a Villa de Adriano e a Casa Dourada de Nero. O amor do romano por bens de luxo projetado para evocar o esplendor lendário dos tribunais helenísticos é demonstrado pela coleção de ornamentos de bronze de barcaças mantidos no Lago perto Nemi, próximo a Roma, para o prazer do Imperador Calígula em tempos antigos e escavados a partir das profundidades do lago no início século 20.

Outros objetos únicos, incluindo o Sarcófago Portonaccio, o Sarcófago das Musas e uma extensa série de retratos de família de várias dinastias imperiais, revelam as alterações marcadas no contexto e estilo romano de produção artística durante o final do período da antiguidade, espelhando o estado perturbado do império durante a sua morte lenta. O segundo andar do palácio está reservado para a exposição de esculturas romanas importantes, mosaicos e fotos de antigas vilas de Roma e seus arredores. Merece menção especial nesta coleção, os afrescos e projetos de estuque de uma vila romana encontrada nos terrenos da Villa Farnesina, na via Lungara. Estes são completos exemplos do sabor refinado e clássico da época de Augusto (começo do século I d.C).

 

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