Sonho de Van Gogh. Queria atingir o coração das pessoas.
Esse texto foi inspirado numa exposição realizada em Roma, há alguns anos, “Vicente Van Gogh – Campagna Senza Tempo – Città Moderna (Campo sem tempo- Cidade Moderna). A curadoria foi liderada por Cornelia Homburg, famosa especialista em Van Gogh. PanHoramarte selecionou esse material por ser atemporal e com excelentes informações sobre o artista.
Relação entre as cores, analisada por Johannes Ihen.
Esse laboratório se resume em uma análise técnica da linguagem das cores, reflexos, contrastes utilizados pelo artista em suas obras. Ofereceu ao público a verdadeira dimensão da importância do mestre holandês para a história da arte.
Fazendas vizinhas de Auvers. Van Gogh . 1890. Óleo sobre Tela. Legado de C. Frank Stoop 1933
Pintor de paisagens transbordantes de luz e também de retratos vibrantes, Van Gogh era um artista impetuoso e apaixonado, pensador refinado e conhecia várias línguas. Para chegar a essa formação tinha estudado para se transformar num “marchand” e sua surpreendente memória lhe permitia recordar, nos mínimos detalhes, as pinturas e cartazes vistos anteriormente.
Camponeses que carpem num campo invernal. 1890. Zurique, Coleção da Fundação E. G. Burhle. Van Gogh
Mulheres que atravessam os campos. 1890. Van Gogh. San Antonio . Coleção Museu de Arte MacNay
Mesmo atormentado e com profundas dúvidas sobre sua existência, em parte pela doença, era também muito ambicioso e tinha clara percepção da própria obra e do papel que teria na história da arte.
Interior de Restaurante. Van Gogh. 1887. Otterlo. Museu de Arte Kröller-Müller
Esta posição aparentemente contraditória que caracteriza grande parte de sua vida e da sua produção artística e foi, sobretudo, a inspiração dessa mostra que analisou aspectos fundamentais de sua identidade artística. Começou pelo amor pelo campo, visto como ambiente fixo e imutável e a ligação com a cidade, centro do movimento frenético e da vida moderna.
Costa D’Oise em Auvers. 1890. Instituto de Artes de Detroit. Van Gogh
Segundo os curadores, as paisagens de Vicent são as mais belas na história da pintura porque provocam forte emoção, a mesma que o pintor sentia diante da natureza.
Em uma das cartas que escreve ao irmão Theo, a quem dedica um amor incondicional àquele que o mantém financeiramente por toda a vida, Van Goh diz que gostaria que suas obras mostrassem o que existe de excêntrico dentro do seu coração, algo que não se explica.
Pinceladas fortes, curvas e expressivas
Para demonstrar isso, o pintor criou uma linguagem única e inimitável. Uma condição de comunicação por intermédio de um céu, de um cipreste, de uma oliveira, de um campo de trigo, que transmite a emoção do coração.
650 cartas ao irmão Theo
Vicent Van Gogh escreveu 650 cartas ao seu irmão, como páginas de um diário, que exprimiram a sua alma. Os escritos constituem-se um testemunho de um amor fraterno, de uma ajuda incondicional.
“Aquilo que observo é maldito e difícil. Todavia não penso em olhar muito alto. Desejo fazer com que meus desenhos exprimam o coração das pessoas”, escreve ao seu irmão.
Em sua personalidade complexa conviviam diversas realidades – amor pelas pessoas, necessidade de expressão e o tormento de uma doença mental – e esse drama interior transformava a sua obra em pura poesia.
Ainda na análise do “laboratório didático”, os curadores explicam que a principal característica nas obras de Van Gogh, o aspecto que imediatamente chama atenção, choca, nos seus quadros, é o uso das cores e como elas aparecem. As pinceladas vigorosas e com sinais decisivos desenhando as formas.
A emoção do pintor se manifestava pela cor escolhida.
“A sua pintura é expressionista, que se baseia no valor expressivo das cores: a emoção do pintor se manifesta por intermédio da tonalidade escolhida”.
O artista nasceu em Zundert, Holanda, em 1853 e suicidou-se em 1890, aos 37 anos, no interior da França, devido a problemas mentais. A vida foi marcada por fracassos e a sua fama foi póstuma, com a exibição das telas em Paris, em 1901.
As obras de Van Gogh retornaram depois de 22 anos a Roma, com pinturas e aquarelas, e mais 40 obras de grandes artistas que foram a sua fonte de inspiração, como Millet, Pissarro, Cezanne, Gauguin e Seurat.
Jean François Millet. Recolhedores de Feno. 1850. Museu do Louvre. Paris.
Noite Estrelada. Van Gogh. Museu de Arte Moderna de Nova York. 1889